Dispõe sobre denominação de “ADA VALENTE MARANGONI” a um próprio municipal e dá outras providências.

Promulgação: 03/10/2018
Tipo: Lei Ordinária
Versão de Impressão

Sorocaba, 23 de agosto de 2 018.

SAJ-DCDAO-PL-EX- 091/2018

Processo nº 20.827/2018

 

Excelentíssimo Senhor Presidente:

Tenho a honra de submeter à apreciação e deliberação dessa I. Casa o incluso Projeto de Lei que dispõe sobre a denominação de “ADA VALENTE MARANGONI” à Escola Municipal de Ensino Fundamental localizada à Rua 03 (Três) nº 165 – Jardim Altos do Ipanema e dá outras providências.

A história da homenageada inicia-se com a viuvez prematura de sua mãe, Sra. Maria Bonotto (aos 18 (dezoito) anos). A Sra. Maria, então, migrou da Itália para a Argentina e depois para o Brasil, onde conheceu seu segundo marido, o também imigrante italiano Jordão. Assim, o casal Jordão (Giordano) Valente e Maria Bonotto Valente tiveram 04 (quatro) filhos, sendo que a Sra. Ada Valente Maragoni era a segunda filha e nasceu em 13 de maio de 1917, nesta cidade.

Seus pais estabeleceram-se no então Distrito de Sorocaba, hoje Votorantim, onde ele foi trabalhar em Santa Helena, junto aos ingleses da antiga Light.

A homenageada, desde muito cedo sempre sonhou estudar, mas ao completar o quinto ano do Grupo Escolar, em Votorantim, apesar de todos os esforços de sua última professora, sua mãe, contrariando o desejo de seu pai, não permitiu que ela continuasse os estudos. Era costume entre as famílias, à época, que a mulher não precisava estudar. Assim, a Sra. Ada passou então, a trabalhar na pensão e no armazém da família, mas, ainda alimentando a esperança de continuar seus estudos.

Alguns anos mais tarde, acompanhada de sua madrinha foi para a cidade de Itapetininga/SP, onde matriculou-se na Escola de Bordados, onde aprendeu bordar à máquina e costurar, ficando assim, um pouco mais longe o sonho que acalentava que era o de prosseguir nos estudos.

O irmão da Sra. Ada, na condição de homem e irmão mais velho foi cursar a Escola de Comércio, tornando Contador. A terceira filha optou por trabalhar no armazém da família, sem cogitar seguir os estudos e anos mais tarde, a mãe da Sra. Ada resolveu matricular a filha caçula, no Colégio Santa Escolástica, que acabara de concluir o Grupo Escolar para cursar o Ginasial e por fim o Curso Normal, formando-se Professora. Já, a Sra. Ada, para que seu pai pudesse aposentar-se foi admitida como tecelã das Indústrias Votorantim, sendo posteriormente transferida para a Sala do Pano.

O sonho de continuar a estudar permanecia. Porém, com a morte prematura de seu pai, em 1937, viu esvair a possibilidade de cursar o Ginasial e a sonhada Escola Normal, visto que ele era seu grande incentivador, ficando então sob sua total responsabilidade todo o custeio dos estudos de sua irmã mais nova. A impossibilidade de ter frequentado os bancos escolares para dedicar-se ao mister de ensinar foi por ela lamentado durante toda a vida.

Em 23 de março de 1940 casou-se com Luigi Pietro Giuseppe Marangoni, suíço de nascimento, com quem viveu por quase 70 (setenta) anos. Recém-casada passou a residir no Rio de Janeiro, acompanhando o marido, que trabalhava naquele Estado. Em 1943 retornou à Sorocaba onde nasceram seus três filhos: o advogado Léner Luiz Marangoni, casado com Ana Maria Rosa Marangoni, o artista plástico, escritor e poeta Celso Luiz Marangoni e a relações-públicas e advogada Lilian Marangoni Crespo, casada com José Antonio Caldini Crespo. Foi avó e bisavó inesquecível e amorosa de 05 (cinco) netos e 06 (seis) bisnetos.

O impedimento de cursar a Escola Normal, não a tolheu de tornar-se uma leitora voraz. Foi grande contadora de histórias para os filhos e netos e uma “professora” de apoio aos filhos, ensinando-lhes álgebra, frações e tabuada, o que realizava como ninguém.

Sua delicadeza, doçura e amor fizeram dela uma pessoa exemplar. Durante mais de 40 (quarenta) anos dedicou-se a trabalhos voluntários, confeccionando brinquedos de feltros, peças em tricô e crochê que doava para creches, educandários e orfanatos, dentre outros. Somente aos 84 (oitenta e quatro) anos despediu-se do voluntariado no Clube de Mães da Paróquia da Igreja São Lucas e isso, somente, em razão de uma fratura no fêmur e porque a deficiência visual decorrente de degeneração macular não lhe permitiram continuar.

Sua alegria pela vida era contagiante. No entanto, seu brilho foi se apagando. Não tanto pelo peso da idade, mas sim pela perda do companheiro da vida toda, no ano de 2008.

Seu falecimento, aos 95 (noventa e cinco) anos, em 19 de julho de 2012, deixou aos filhos, netos, bisnetos, familiares e amigos um legado construído com os melhores exemplos de dignidade, sabedoria e muito amor, predicados proporcionais à sua doçura.

Estando devidamente justificada a presente proposição, tenho a certeza que a homenagem à Sra. Ada Valente Marangoni terá um significado muito especial e ela, de onde está, poderá ver finalmente ver seu desejo realizado, perpetuando, assim, seu nome no local onde mais sonhou: NA ESCOLA.

Conto com o costumeiro apoio dessa Casa de Leis, esperando que sejam apreciadas suas razões e fundamentos, sendo o Projeto ao final, transformado em Lei, solicitando ainda que sua apreciação se dê em REGIME DE URGÊNCIA, na forma disposta na Lei Orgânica do Município.