Dispõe sobre denominação de “PROFESSORA HELY GRILLO MUSSI” a uma área pública e dá outras providências.

Promulgação: 30/11/2017
Tipo: Lei Ordinária
Versão de Impressão

Sorocaba, 25 de outubro de 2 017.

SAJ-DCDAO-PL-EX- 094/2017

Processo nº 35.264/2015

 

Excelentíssimo Senhor Presidente:

Tenho a honra de encaminhar para apreciação e deliberação dessa E. Casa o presente Projeto de Lei que dispõe sobre a denominação de “HELY GRILLO MUSSI” à área pública localizada à Rua Mário Soave - ao lado do nº 360 – Bairro Central Parque e dá outras providências.

A menina Hely Grillo Mussi, filha de professor de ciências que era, aprendeu muito cedo que estudo e disciplina seriam fundamentais para a sobrevivência. Tais princípios nunca foram abandonados, mesmo quando da perda precoce da mãe, fato que deu início a um período bastante difícil para ela e o restante da pequena família – seu pai e seu irmão. Sua infância e adolescência foram recheadas de memórias divertidas como carnavais, festas na casa de origem italiana da família e sua performance como baliza nas apresentações da fanfarra da escola - o “Estadão”.

Na década de 50 tornou-se professora e durante um curto período lecionou em Itapetininga e Ribeirão Pires - região metropolitana de São Paulo, localidades distantes de Sorocaba, dadas as condições de mobilidade e acesso da época. Mas, como muitos professores em início de carreira enfrentou as dificuldades ampliadas pelo fato de já haver iniciado sua pródiga maternidade. Para exercer os princípios básicos (estudo e disciplina) e também esposa e mãe, a homenageada resolveu dar continuidade aos estudos cursando Pedagogia na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, sim aquela que se tornou palco do movimento estudantil da década de 60, na Rua Maria Antonia. Lá conviveu com a nata da intelectualidade brasileira, incluindo o futuro presidente Fernando Henrique Cardoso, dentre outros. Por essa mesma época, já com uma primogênita em casa, recebeu para tal empreitada, o apoio do marido, Dr. José Mussi, pois havia necessidade de viagens de trem para São Paulo várias vezes na semana.

Formada em 1957, todo empenho foi recompensado, quando em 1960 foi aprovada em concurso para dirigir a escola onde seu pai havia lecionado e onde ela própria havia passado grande parte da sua vida, iniciando assim sua trajetória na Diretoria do “Estadão”.

A Sra. Helly era temida ou admirada, mas de uma forma ou de outra, sempre reconhecida por sua dedicação no aprimoramento dos alunos, tanto nas áreas do conhecimento quanto dos valores pessoais. Muitos sorocabanos têm em sua memória vários acontecimentos relacionados à sua passagem por aquela unidade de ensino e sua diretora, sejam de incentivos culturais, quanto às temidas e constrangedoras idas à diretoria. Há que ressaltar que nem mesmo os filhos eram poupados, pelo contrário, deveriam ser exemplos.

Milhares de jovens foram educados sob a égide de D. Helly que exigia disciplina, respeito e empenho dentro da escola. Era presença integral desde o primeiro até o último sinal e passava a impressão de ser onipresente nos corredores e onisciente dos problemas. Incentivava as atividades culturais e esportivas as quais, juntamente com o bom desempenho escolar dos alunos, projetaram o Estadão como referência regional, e porque não, estadual.

Vários profissionais, bem formados e bem-sucedidos, guardam boas recordações dos bancos escolares e são gratos pelo ensino recebido e também pelas broncas levadas, sejam pelas saias enroladas para parecerem mais curtas, ou pelas brincadeiras mais pesadas com os colegas.

Porém, o que poucos sabem é que a par de suas funções no Estadão, D. Helly tinha um lado festivo, que por vezes era freado para contrapor-se à expansividade de seu marido, sempre efusivo e superlativo em todas as suas atividades, em especial na educação dos filhos.

Com a casa sempre cheia de amigos e familiares, contava com a fiel escudeira Mia e uma estrutura tal, que permitiu desempenhar suas funções de mãe e profissional concomitantemente. Gostava de festas, bailes, gente bonita e refinada, especialmente aquelas que podiam adicionar lhe conhecimento e erudição. Seu jeito contido e solene dava lugar a gostosas gargalhadas em conversas inteligentes e bem-humoradas. Aliás, era dona de um senso de humor perspicaz e singular, que dizem ser hereditários.

Tinha por hobby conhecer novos lugares, viajando algumas vezes. Conheceu outros países, outros continentes, mas o conforto da sua casa e o aconchego da família, marido, filhos e depois netos, falaram mais alto após sua aposentadoria.

A partir de 1981, por ser, conservadora em seus hábitos e avessa a grandes movimentações, com a aposentadoria, pode se dedicar a duas das atividades que mais lhe davam prazer, a leitura dos jornais, em especial os cadernos de política e assistir seus programas prediletos na TV. No entanto com uma família tão grande, seis filhos e seus respectivos esposos e esposas, treze netos e oito bisnetos, seu sossego era sempre quebrado para exercer seu papel de conselheira, ou de ouvinte, tanto dos sucessos quanto dos insucessos, ou de observadora da vida. Enfim, de tudo era falado com muita serenidade, muito bom humor e muita sabedoria. As conversas vespertinas, de preferência, eram tranquilas e prazerosas, somente não podiam invadir o horário da novela preferida.

E, dessa maneira tranquila, plena, solidária, dedicada e afetuosa, a Sra. Helly poderia ser por mais cinquenta anos o baluarte familiar que tanto alegrava as pessoas. Porém, seu falecimento no dia 11 de setembro de 2013, aos 85 (oitenta e cinco) anos de idade deixou consternados familiares e amigos. Por isso, a presente proposição demonstrará respeito não só à sua memória como também a todos que a conheceram.

Estando devidamente justificado o presente Projeto de Lei, conto com o costumeiro apoio de Vossa Excelência e D. Pares no sentido de transformá-lo em Lei e renovo protestos de estima e consideração.