Dispõe sobre denominação de “BALDOMIRO JAQUES COÊLHO” a uma via pública e dá outras providências.

Promulgação: 14/11/2017
Tipo: Lei Ordinária
Versão de Impressão

Sorocaba, 21 de setembro de 2 017.

SAJ-DCDAO-PL-EX- 081/2017

Processo nº 23.797/2017

 

Excelentíssimo Senhor Presidente:

Tenho a honra de encaminhar à apreciação e deliberação de Vossa Excelência e D. Pares o presente Projeto de Lei que dispõe sobre a denominação de “BALDOMIRO JAQUES COÊLHO” a Rua “13” (Treze) do Jardim Terras de São Francisco, que se inicia na Rua Maria Barbosa dos Santos e termina em cul-de-sac do mesmo Jardim e dá outras providências.

Inicialmente cumpre informar que este Projeto de Lei é consequência de encaminhamento do então Vereador Mário Marte Marinho Júnior, com a apresentação da Justificativa que segue abaixo:

O Sr. Baldomiro Jaques Coêlho nasceu aos 27 de julho de 1922, em um sítio no interior de Araripina/PE, longe de qualquer recurso médico/hospitalar. Era alfabetizado e com sua boa vontade e sede de saber, tinha grande conhecimento de todas as matérias escolares. Somente aos 19 anos, calçou seu primeiro sapato: um coturno para servir o exército, na Bahia. De lá, foi para o Rio de Janeiro, onde se formou em datilografia. No Rio de Janeiro conheceu um conterrâneo e após darem baixa no serviço militar, voltaram ao sertão. Ali ele enamorou-se da irmã do amigo: Giselia Cordeiro Jaques e com ela contraiu núpcias em fevereiro de 1948. Tendo em vista que ela era professora primária o casal passou a residir na escola rural onde ela trabalhava dia e noite, alfabetizando crianças e adultos. Ele mantinha as tarefas do local sempre em dia, para que ela pudesse se dedicar somente aos afazeres de professora. Dessa união nasceram os filhos: Genivaldo, Lucilene, Marilene, Marcos, Roseleine e Andreia e ainda os pré-mortos: Nivaldo e Antonio, criando todos, dando-lhes boa educação e ensinando-lhes a religião Católica. A vida lhe presenteou ainda com os netos: Renata, Francine, Fabio, Rafael, Ieda Maria, Augusto, Gustavo, Guilherme, Gracielle, Giovanni e Murillo e bisnetos: Matheus, João Pedro, Gianluca, Luisa e Renatinha.

Em decorrência do período em que esteve em campana no Exército, dormindo ao relento, dando guarda, tomando chuva madrugada afora e ainda alimentação deficiente o homenageado adoeceu muito e veio para São Paulo à procura de tratamento para o mal que lhe acometia, deixando a família no Nordeste. Na cidade grande, descobriu-se tuberculoso, sendo internado muitas vezes. Depois de uma das altas, deduzindo-se já curado e com muita saudade da família, escreveu pedindo que a mulher e os filhos viessem ao seu encontro. Voltou ao Sanatorinho algumas vezes mais, mas venceu a tuberculose. Após algumas internações, tornou-se tísico com os pulmões atrofiados devido à doença e adquiriu bronquite crônica. À época fixou moradia em Osasco.

Embora fosse pessoa de pouco estudo, o Sr. Baldomiro era culto por natureza. Na empresa Omnia Construtora trabalhou como comprador de materiais de construção por sua desenvoltura ao falar, bem letrado e bom com os números. De lá trabalhou em outras empresas no mesmo ramo, como a Construtora Continental, também na Grande São Paulo.

O filho primogênito do Sr. Baldomiro, quando tinha apenas 19 anos, já era desenhista arquitetônico e servindo a Pátria como sentinela, no tempo do terrorismo, foi morto em 1968. Sua morte, porém, não se encontra nos anais do Ministério do Exército como vítima do terrorismo. Em virtude da perda precoce e inesperada do filho, a esposa do homenageado, Sra. Giselia só se acalmava quando estava no cemitério ou na porta do Quartel de Quitaúna, esperando revê-lo. Visando amenizar essa dor, o Sr. Baldomiro aceitou a representação de uma transportadora para sair de Osasco com a família e depois de buscas por um lugar tranquilo e ao mesmo tempo com boa estrutura para criar e educar seus filhos escolheu Sorocaba, onde fixou residência em abril de 1970. Em 1971 novo sofrimento. O filho caçula foi atropelado, sendo desenganado pelos médicos que não lhe deram expectativa de vida ou mesmo de vida saudável. No entanto, esse filho sobreviveu ao acidente.

Pessoa de caráter empreendedor, o homenageado após chegar nesta cidade com a transportadora, montou uma pequena fábrica de tintas. Necessitando encerrar as atividades dessa fábrica, ingressou no paisagismo que foi como se aposentou.

O Sr. Baldomiro teve diversas perdas na vida: filhos, pais, irmãos e outros parentes, além das próprias e várias internações e cirurgias por múltiplos motivos, enfrentando tudo sempre com muita força, até mesmo o falecimento da esposa em 2007, após longa enfermidade. Em 2013 sofreu grave acidente doméstico, fraturando fêmur e cotovelo, recuperando-se sem qualquer sequela. Seu restabelecimento foi surpreendente até mesmo para os médicos, que estimaram de seis meses a um ano para que ele saísse da cadeira de rodas e tentasse andar auxiliado por andador e depois uso de bengala para sempre. Porém, em apenas cinquenta dias já andava com auxílio de andador e em poucas semanas, com ajuda da bengala. Ao completar 91 anos em julho de 2013, foi totalmente dispensado do uso de qualquer apoio para andar e se locomovia bem, com pouquíssima dificuldade, mais em razão da idade que do acidente. E, ele conseguiu de novo vencer e permaneceu com a família mais alguns anos, até que no final do mês de maio de 2014 acometido de uma crise de falta de ar foi levado às pressas ao hospital e diagnosticado com pneumonia. Dessa data até junho de 2016 passou em consulta com vários médicos e teve várias internações, até que faleceu no dia 28 desse mês.

O Sr. Baldomiro, homem simples e ao mesmo tempo, culto, atento, sábio, inteligente, bom ouvinte, bom conselheiro, elegante, educado, charmoso, bom papo, exímio jogador de dominó, lúcido, boa memória, bem-humorado, carinhoso, gostava de festas, viagens, passeios merece que a cidade lhe preste a presente homenagem.

Por todo o exposto, encontra-se devidamente justificada a presente propositura, razão pela qual conto com o costumeiro apoio dessa Casa de Leis no sentido de transformar o Projeto em Lei e renovo protestos de estima e consideração.