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28/03/2025 12h51
atualizado em: 28/03/2025 13h23
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O maestro Eduardo Pereira, regente e diretor artístico da orquestra, foi agraciado com a Medalha de Mérito Cultural

A Câmara Municipal foi palco de um concerto da Orquestra Sinfônica de Sorocaba, na noite de quinta-feira, 27, no Saguão Salvadora Lopes, sob a regência do maestro Eduardo Pereira, regente titular e diretor artístico da orquestra, que, na ocasião foi agraciado com a Medalha de Mérito Cultural por iniciativa do vereador Ítalo Moreira (União Brasil). Uma das novidades do concerto foi a execução do Hino de Sorocaba, em versão instrumental, com nova orquestração, mas mantendo intocável a letra do professor Benedito Cleto e a melodia original de Ruth Fernandez Camargo.

Além do vereador proponente da honraria ao maestro, a sessão solene contou com a presença do presidente da Câmara Municipal, vereador Luis Santos (Republicanos), ladeado pelas seguintes autoridades e personalidades: as vereadoras Iara Bernardi (PT) e Tatiane Costa (PL); os vereadores Henri Arida (MDB) e Rogério Marques (Agir); o presidente da Fundec (Fundação de Desenvolvimento Cultural de Sorocaba), Gustavo Almeida e Dias de Souza; o secretário de Cultura, Luiz Antônio Zamuner; o maestro emérito da Orquestra Sinfônica de Sorocaba, Eduardo Ostergren; o artista plástico Pedro Lopes; e Volda Lippi, mãe do deputado federal e ex-prefeito Vitor Lippi, entre outros.

O presidente da Casa parabenizou Ítalo Moreira pela iniciativa de homenagear o maestro e ressaltou a importância histórica do evento: “Nesta noite, trazemos para esta Casa de Leis a Orquestra Sinfônica de Sorocaba e todo o peso cultural que a envolve” – disse Luis Santos na abertura do evento.

Origens comuns – Destacando que a Orquestra Sinfônica de Sorocaba está entre as melhores da América Latina, o vereador Ítalo Moreira, proponente da homenagem ao maestro Eduardo Pereira, contou que ambos têm a mesma origem: “O maestro e eu nascemos no Distrito do Grajaú, no extremo sul da periferia de São Paulo, e estudamos na mesma escola, a Escola Municipal João de Deus. Eu era cliente da cantina da família dele e gostava muito do picolé de groselha azul, uma das melhores lembranças da minha infância”.

Ítalo Moreira falou das dificuldades enfrentadas pelas jovens do Grajaú, uma região carente, sem universidade pública, sem muitas oportunidades. “Uma pessoa sair do Grajaú e se tornar um grande maestro de uma grande orquestra é motivo de orgulho e inspiração para os jovens da periferia, abrindo outros caminhos” – afirmou o vereador, destacando, também, o trabalho conjunto realizado pela orquestra. A Medalha de Mérito Cultural foi entregue ao maestro com a participação dos músicos Renato Silva, flautista, e Fernando Amadeu, trompetista, decanos da orquestra.

Plateia democrática – O presidente da Fundec, Gustavo Almeida, agradeceu nominalmente a todos os vereadores pelo apoio, ressaltando que os concertos da orquestra não se destinam a uma elite econômica e intelectual, mas a toda a população, independentemente da condição económica ou do nível de escolaridade. 

“A imensa maioria dos 750 alunos do Instituto Municipal de Música de Sorocaba é oriunda de escolas públicas. Também a grande maioria do público que lota a Sala Fundec nas 90 apresentações que realizamos por ano, quase duas por semana, não mora na Zona Sul. Servimos, sim, a todo o povo de Sorocaba, sem qualquer distinção nem preferências partidárias, por isso fiz questão de citar todos os vereadores”, afirmou o presidente da Fundec.

A vereadora Tatiane Costa (PL), que é bacharel em piano pela Unesp (Universidade Estadual Paulista), contou que sua formação como pianista clássica começou na Fundec, lembrando que, entre os músicos da orquestra, estavam alguns de seus professores. A vereadora também falou de seu projeto para levar educação musical aos alunos da rede municipal de ensino e da proposta de tornar obrigatória a execução do Hino de Sorocaba nas escolas, que, conforme adiantou, deve ser aprovada por unanimidade na Casa.

Orquestra e sociedade – Em seu discurso de agradecimento pela homenagem, o maestro Eduardo Pereira discorreu sobre a importância de uma orquestra sinfônica para a sociedade e citou reflexões de diversos músicos e estudiosos a respeito do tema, entre elas, Ana Flávia Cabral (vice-presidente da Fundação da Orquestra Sinfônica Brasileira), Rafael Nini (clarinetista da Orquestra Sinfônica de Sorocaba), Marcelo Lopes (diretor executivo da Fundação Osesp), Adriana Bozzetto (pós-doutora em Ciências Sociais) e Paula Bessa Braz (doutoranda em Antropologia Social pela USP). 

Com base em reflexões desses estudiosos e em sua própria experiência como maestro, bem como na experiencia dos músicos, Eduardo Pereira ressaltou diversos aspectos positivos de uma orquestra sinfônica para a sociedade, como a inclusão social, a formação educativa e a sensação de pertencimento. 

“Foi com base nessas ideias que proliferaram no Brasil os projetos sociais na década de 1990 visando ao ensino da música instrumental e sinfônica para crianças e jovens de baixa renda. Foi essa, inclusive, a base para a realização da parceria entre a Fundec e a Prefeitura de Sorocaba, em 1992, para a gestão da orquestra, que passou a ser vista não apenas como uma ferramenta de fruição musical, mas também como mecanismo de socialização, desenvolvimento cultural e de transformação social”, enfatizou.

Eduardo Pereira observou que o Brasil ainda é um país de muitas desigualdades, mas enfatizou que uma orquestra sinfônica também contribui para o desenvolvimento econômico da cidade mediante o seu papel pedagógico na formação de cidadania: “Ao longo dos anos, tive a oportunidade de reger em todas as capitais brasileiras e passei por mais de 200 cidades do país e posso afirmar que existe um grande desejo da população, em especial dos jovens, de ser, de dispor de oportunidades, de contar com políticas públicas. Por isso, a música, além de ser um elemento de comunicação, também é uma ferramenta de educação”.

Trajetória da Orquestra – Eduardo Pereira lembrou que, no dia 3 de outubro de 1949, há 75 anos, 52 músicos subiram ao palco do antigo Cineteatro São José para executar o concerto inaugural da Orquestra Sinfônica de Sorocaba, que, conforme enfatizou, continua sendo essencialmente a mesma, ainda que com outros músicos. 

Reconhecida como Patrimônio Cultural e Imaterial da Cidade, a orquestra, desde 1992, é administrada pela Fundec, tendo sua sede no antigo Teatro São Rafael, construído em 1844, na Rua Brigadeiro Tobias, no Centro da cidade, que também já abrigou a sede da Câmara. “Em outras palavras, essa é a materialização de uma parte da identidade cultural da nossa cidade, que pode servir de reflexão e de inspiração”, afirmou.

Eduardo Pereira fez questão de reverenciar os maestros que dirigiram a orquestra antes dele. “Sem eles, essa história não teria chegado aos 75 anos. Foram eles que dedicaram parte da sua vida, da sua arte, das suas angústias e esperanças para que pudéssemos estar aqui nesta noite. Por isso, em nome da Orquestra Sinfônica de Sorocaba, agradeço aos maestros Benedito Camargo, Nilson Lombardi, Pedro Cameron, Jonicler Real e ao meu querido professor, maestro e amigo Eduardo Ostergren”, disse.

O maestro também agradeceu aos músicos que fizeram e fazem parte da orquestra pelas “horas incansáveis de estudo, de ensaios exaustivos, muitas vezes abdicando do tempo com a família e com os amigos em prol do trabalho individual e coletivo que uma orquestra exige e que muitas vezes não é devidamente reconhecido”. Eduardo Pereira também agradeceu sua família: “Tivemos uma vida muito simples, com muitas dificuldades, certas tristezas, algumas privações, mas crescemos numa família com muito amor. A minha família é a base de tudo em minha vida”.

Patrimônio da Cidade – O maestro Eduardo Pereira agradeceu ao vereador Ítalo Moreira pela autoria da Lei nº 12.808, de 26 de maio de 2023, que instituiu a Orquestra Sinfônica de Sorocaba como Patrimônio Cultural Imaterial da Cidade de Sorocaba, e também por ter intermediado uma emenda parlamentar do deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil), que possibilitou a realização dos concertos didáticos gratuitos para crianças de escolas públicas e instituições filantrópicas, inclusive com transporte exclusivo e material de apoio pedagógico. "É uma experiência inédita para a grande maioria das mais de 2 mil crianças e adolescentes que participarão desses concertos", disse.

O maestro explicou que o concerto apresentado na Câmara de Sorocaba é uma prévia do projeto didático a ser realizado com estudantes no Teatro Municipal: “Faremos dois concertos didáticos para centenas de crianças de escolas públicas e instituições filantrópicas, com o título ‘Clássicos Animados’. Vamos levar para essas crianças músicas do repertório tradicional, sinfônico, que pode parecer muito distante da vida de todos, mas, na verdade, estão muito próximas, pois fazem parte de desenhos animados do Pica-Pau, do Pernalonga, do Tom & Jerry, entre outros”.

No programa do concerto foram executadas obras dos seguintes compositores: Franz Von Suppé (1819-1895), Abertura de “Cavalaria Ligeira” (1866); Gioachino Rossini (1792-1868), Abertura de “O Barbeiro de Sevilha” (1816); Johannes Brahms (1833-1897), “Dança Húngara nº 5” (1869); e Johann Strauss Jr. (1825-1899), Abertura da Ópera “O Morcego” (1874). Após a execução desse repertório, foi executada a versão instrumental do Hino de Sorocaba, com novo arranjo para orquestra sinfônica.

Hino de Sorocaba – O maestro Eduardo Pereira falou do processo de releitura do Hino de Sorocaba, proposto a ele pelo vereador Luis Santos tão logo assumiu a presidência da Casa. “O Hino de Sorocaba foi gravado há muito tempo, quando as tecnologias eram muito diferentes. O áudio não era tão claro, dificultando o entendimento da letra. E não havia um arranjo oficial do hino para orquestra. Então, fizemos um novo arranjo, sem alterar a letra de Benedito Cleto e a melodia de Ruth Fernandes”, disse o maestro, lembrando que, há 50 anos, em 15 de agosto de 1975, o Hino de Sorocaba foi cantado na Câmara Municipal pela primeira vez e, no ano seguinte, foi reconhecido por decreto como hino oficial da cidade.

Eduardo Pereira disse que, quando foi incumbido de executar o hino, encontrou vários arranjos de 40 ou 50 anos atrás, quando as orquestras tinham formações diferentes. Então, encomendou à pianista, arranjadora e compositora Juliana Ripke um novo arranjo para orquestra sinfônica, versão para banda e versão para piano e voz. “Juliana Ripke é uma das principais arranjadoras da atualidade, com encomendas das melhores orquestras do país, como a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo e Orquestra Filarmônica de Minas Gerais”, disse.

“Noite histórica” – No encerramento do concerto, o presidente da Casa, Luis Santos, afirmou: “Como bem disse o maestro, nossas almas foram nutridas por essas peças executadas por esses talentosos músicos e musicistas da nossa Orquestra Sinfônica. Fico profundamente agradecido a Deus pela vida e pelo talento de vocês, que permite a transformação dessas partituras em música em qualquer lugar do mundo, inclusive na nossa Casa de Leis, nesta noite tão especial e histórica”.

Por sua vez, o maestro Eduardo Pereira agradeceu à Câmara Municipal e à Prefeitura de Sorocaba pelo apoio, disse que a orquestra “tem o privilégio de contar com um Legislativo engajado nas demandas culturais da cidade, com boas ideias, bons projetos e boas intenções” e arrematou: “Nunca saímos de uma sala de concertos da mesma forma que entramos, pois a música transforma – ela nos transforma em pessoas melhores”.

A sessão solene com o concerto da Orquestra Sinfônica de Sorocaba, incluindo a execução do Hino de Sorocaba, foi transmitida ao vivo pela TV Câmara e já está disponível nas redes sociais do Legislativo sorocabano (You Tube e Facebook).



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