13/03/2025 09h48
atualizado em: 13/03/2025 09h48
Facebook

Autora de leis federais em defesa da mulher, quando deputada, a vereador defendeu a implantação em Sorocaba da Casa da Mulher Brasileira

A luta pela igualdade de gênero, a violência contra a mulher, as legislações que amparam essas causas e as iniciativas que estão sendo desenvolvidas para proteger as mulheres e suas famílias foram alguns temas abordados pela vereadora Iara Bernardi (PT) em entrevista ao “Jornal da Câmara”, veiculada pela Rádio Câmara antes da sessão ordinária de quinta-feira, 11, e disponível nas redes sociais do Legislativo sorocabano. Na entrevista conduzida por Priscila Radighieri e Ana Paula Freire, a vereadora também falou das atividades relativas ao Mês das Mulheres, celebrado em torno do Oito de Março, Dia Internacional da Mulher.

Primeira mulher a assumir o mandato de vereadora, eleita em Sorocaba em 1982 juntamente com Diva Prestes de Barros, Iara Bernardi também foi deputada federal por três mandatos. Reeleita vereadora em 2024 com 5.828 votos, preside a Comissão de Inclusão da Pessoa com Deficiência e integra a Comissão de Meio Ambiente. “Eu e a vereadora Diva fomos as primeiras mulheres eleitas de Sorocaba, num momento muito rico da política brasileira, enfrentando a ditadura militar. Salvadora Lopes, na década de 1940, foi eleita, mas não assumiu. Era sindicalista, mas seu partido foi cassado pela Justiça”, conta a vereadora.

Combate ao feminicídio – Iara Bernardi relembrou que, nas décadas de 70 e 80, as feministas desenvolveram a campanha nacional “Quem Ama Não Mata”, pois os homens alegavam “defesa da honra” para matar a mulher em razão de adultério, como ocorreu com Ângela Diniz, da qual a vereadora participou. Essa luta culminou na Lei Maria da Penha e na tipificação do crime de feminicídio. “Mulheres eram mortas por isso. Infelizmente, hoje, temos visto crimes contra as mulheres que nos espantam. Em nossa região, nos últimos dias, tivemos mulheres mortas em Itapetininga, Mairinque e Votorantim, sob a alegação de ciúme, um machismo extremo em que muitos homens foram criados”, afirma Iara Bernardi.

Para a vereadora, é preocupante que muitos desses feminicídios tenham sido cometidos por homens jovens, que, no seu entender, parece que estão ficando mais conservadores. “Essa opressão e violência já começa no namoro, jovenzinhos matando mulheres”, afirma, observando que muitas dessas jovens mulheres trabalham, querem sair de situações de violência física e psicológica, mas são impedidas pelo desejo de controle dos homens, que, desde jovens, já querem controlar as meninas.

Conquistas legislativas – Iara Bernardi, como deputada federal, foi autora de várias leis de proteção à mulher, entre elas a Lei do Minuto Seguinte, para as vítimas de violência sexual, e também é autora da lei que incluiu o termo “violência doméstica” no Código Penal. Também relembrou as lutas das mulheres em Sorocaba, das quais participou, que culminaram em conquistas pioneiras como a criação da Casa Abrigo para mulheres em risco, que foi um dos primeiros refúgios para as mulheres vítimas de violência em São Paulo. “Na época, era comum que mulheres saíssem de casa com os filhos, enquanto seus agressores permaneciam na casa. Hoje, são os agressores que devem sair do lar e a mulher tem a medida protetiva”, observa.

Atualmente, Iara Bernardi trabalha para a implantação da Casa da Mulher Brasileira em Sorocaba, um projeto do Governo Federal, desenvolvido pelo Ministério da Mulher com o Ministério da Justiça, que congrega num só local todas as estruturas da rede de proteção à mulher. A vereadora conta que esse projeto começou a ser idealizado ainda no governo Dilma Rousseff, sob a gestão da então ministra Eleonora Menicucci, também torturada na ditadura, e está sendo retomado pelo governo Lula. “Sorocaba, pelo seu tamanho e liderança na região, poderia ter a Casa da Mulher Brasileira inclusive para atender cidades da região que não têm estrutura alguma de defesa da mulher”, argumenta, observando que já existe a concordância do governo federal e do governo municipal para implantar a Casa da Mulher Brasileira em Sorocaba, faltando a do governo estadual.

Iara Bernardi também falou sobre o “botão do pânico”, que, conforme salienta, tem sido uma ferramenta crucial para salvar vidas de mulheres em perigo e discorreu, entre outras questões, sobre as diferenças salariais entre homens e mulheres no mercado de trabalho, ressaltando ainda as especificidades da condição da mulher negra. 

Ao longo da entrevista, Iara Bernardi elencou diversas outras medidas de proteção à mulher que foram conquistadas pelo movimento feminista ao longo das últimas décadas e enfatizou a importância da rede de proteção à mulher prevista na legislação para proteger as mulheres preventivamente. Antecipou, ainda, que o presidente Lula deve lançar um programa de proteção financeira para crianças que ficam órfãs em razão de feminicídio. A entrevista pode ser conferida na íntegra nas redes sociais do Legislativo sorocabano.