Debate proposto pelo vereador Ítalo Moreira (União Brasil) reuniu moradores da região que cobram soluções para o problema de décadas.
A Câmara Municipal de Sorocaba realizou na manhã desta quarta-feira, 27, audiência pública com o tema “Parque das Águas: Planejamento e Ação para um Futuro Livre de Enchentes”. O evento, de iniciativa do vereador Ítalo Moreira (União Brasil), lotou o plenário da Casa e contou com a participação de autoridades e de moradores da região.
Além de Ítalo Moreira, que presidiu os trabalhos, compuseram a mesa principal da audiência o secretário de Meio Ambiente, Alfeu Malavazzi Neto; o engenheiro Arlei Ribeiro de Barros, da Agência de Águas do Estado de São Paulo; e a presidente da Associação dos Habitantes e Amigos do Parque das Águas e Região, Cristine Elias.
Também acompanharam o debate os vereadores Silvano Jr. (Republicanos), Iara Bernardi (PT) e Fernanda Garcia (PSOL), além do padre Wagner Ruivo, que mobilizou a comunidade da paróquia São José Operário para participar da audiência.
Apesar da confirmação prévia, Saae, Cadi e Defesa Civil não enviaram representantes, o que foi lamentado pelo vereador proponente, que anunciou uma nova audiência pública sobre o tema, para que os órgãos sejam ouvidos, além de reforçar que a ata da reunião será encaminhada a todas as esferas de poder envolvidas, assim como a formalização das sugestões colhidas. O parlamentar também anunciou a formação de uma comissão de trabalho, para dar prosseguimento ao processo iniciado com a audiência.
“Infelizmente, aquele lugar maravilhoso, com o Parque das Águas e o Rio Sorocaba, acaba causando grandes transtornos e prejuízos para as famílias e até mortes. Precisamos buscar, tecnicamente, soluções para resolver de vez esse problema”, iniciou o vereador Ítalo que, entre outras ações, defende o conceito de ‘cidades esponjas’.
Associação de Moradores - Juliana Tangi, da Associação dos Habitantes e Amigos do Parque das Águas e Região, iniciou os trabalhos apresentando relatos impactantes dos moradores e a forma como as enchentes afetam diretamente aquela população. A associação foi criada em 2018 e desde então tem se mobilizado em busca de soluções, com diversos pedidos de serviços e obras encaminhados à Prefeitura e ao Saae.
Juliana apresentou imagens do impacto das águas nas ruas, quando o Rio Sorocaba extravasa e toma todo o entorno do Parque das Águas. “Para quem não vive essa realidade, parece distante, mas para quem vive é atormentador. Quando tem chuvas fortes, entramos em desespero. Não tem nenhum tipo de alerta”, afirmou, destacando que desde 2010, segundo levantamento, não houve um ano sem enchentes na região.
A associação tem um projeto que prevê obras emergenciais para tentar sanar os problemas mais graves. Também solicita sistema de alerta, com sirenes, elevação do reservatório de detenção de cheias construído no Parque das Águas, mas, que não foi suficiente para conter o volume de água, e ainda a implantação de uma casa de bombas, e dragagem, entre outros pontos. O anúncio de alteamento da Avenida XV de Agosto também tem preocupado a comunidade.
Além dos impactos no trânsito e os prejuízos financeiros, foram citadas outras consequências dos alagamentos como desvalorização dos imóveis e riscos à saúde da população, inclusive pelo extravasamento do esgoto. Também foi destacado que as famílias, muitas vezes, permanecem ilhadas por dias, até que as águas baixem. De acordo com o secretário de Meio Ambiente, enquanto esteve à frente do Saae, a autarquia adquiriu duas bombas, a diesel, para a região, além de outros equipamentos que foram alugados de forma emergencial.
Questionamento - Após a apresentação, foi facultada a palavra aos presentes. O padre Wagner ressaltou os problemas causados pelo crescimento do Município, que pedem o fortalecimento das estruturas básicas, além de trabalho preventivo. No caso das enchentes, sugeriu uma série de ações como limpeza do rio e das galerias, intensificação do sistema de drenagem, construção de barragens ou reservatórios, reflorestamento e manutenção de áreas verdes, com foco na mata ciliar, redução da impermeabilização do solo e construção de bacias de infiltração.
Em seguida, a vereadora Fernanda Garcia parabenizou a associação de moradores pela mobilização e lembrou a tramitação do Plano Diretor, que deve contemplar o planejamento a longo prazo, no que tange as enchentes. Também lamentou a ausência de representantes do Saae na audiência.
Da mesma forma, a vereadora Iara Bernardi reforçou que as ações propostas pela comunidade precisam ser consideradas na revisão do Plano Diretor. “Não podemos ver o Rio Sorocaba como um inimigo. O que temos hoje é uma falta de planejamento total. A cidade deixou que fossem ocupadas áreas na beira do rio, que não poderiam ser ocupadas”, disse.
O vereador Silvano Jr. lembrou que sua família mora há setenta anos na região do Jardim Maria do Carmo e lamentou os problemas enfrentados por essa comunidade. “Vamos sentar com os técnicos do Saae e do Estado, porque é uma falta de respeito com a população”, frisou.
Assim como os parlamentares, a presidente da associação de moradores lastimou a ausência de técnicos do Saae e a falta de comprometimento do Poder Público com o problema, cobrando ações mais efetivas antes do período de chuvas intensas. A audiência pública foi transmitida ao vivo pela TV Câmara, onde continuará a ser exibida durante a programação, e também pelas redes sociais do Legislativo sorocabano (Youtube e Facebook), nas quais ficará disponível na íntegra.