Mestre em Letras e escritor, Roberto Samuel Sanches recebeu a Comenda de Mérito em Educação
O professor e escritor Roberto Samuel Sanches foi agraciado com a Comenda de Mérito em Educação em sessão solene da Câmara Municipal de Sorocaba, realizada na noite de terça-feira, 25, no plenário da Casa. O homenageado compôs a mesa de honra da solenidade, juntamente com o vereador proponente da homenagem (que foi aluno do homenageado), o promotor José Júlio Losango Júnior e a professora Helenice Barros, diretora do Colégio Dom Aguirre.
Já na abertura solenidade, o professor Roberto Samuel Sanches declamou um poema de Fernando Pessoa, e o professor Aldo Vannucchi, reitor emérito da Uniso, que não pôde comparecer ao evento, mandou uma mensagem especial para o homenageado. O evento contou com diversas apresentações musicais e teatrais de ex-alunos do homenageado e de membros do Grupo Felicidade Down. O vereador que foi autor da homenagem destacou o humanismo que sempre marcou o magistério do professor Roberto Sanches.
Gosto pela leitura – Agraciado com a Comenda de Mérito em Educação, o professor e escritor Roberto Samuel Sanches nasceu em Sorocaba, na Rua Penha, esquina com a Rua Dr. Artur Gomes, onde viveu até os seis anos de idade. Aos sete anos, passou a morar numa casa na mesma rua em frente ao Ipanema Hotel. Estudou no então Grupo Escolar Antônio Padilha e teve uma infância feliz, numa família de seis irmãos (três homens e três mulheres), passeando de bonde, plantando e colhendo verdura com ao amigos para terem dinheiro para a matinê do cinema. Sua mãe tinha uma quitanda e o pai trabalhava no comércio de frutas.
Aos 12 anos, quando cursava o ginásio, passou a auxiliar seu pai e o irmão mais velho no trabalho. Sua mãe, que tinha apenas o 3º ano primário, gostava de ler e lhe passou esse gosto pela leitura. Para poder ler, numa casa pequena com oito pessoas, subia no telhado do tanque e banheiro, onde improvisou uma plataforma de madeira. Já assinava a revista Seleções do Reader’s Digest, que também era lido pela mãe, e passou a ser assinante do Clube do Livro, recebendo um romance por mês.
Cursou Agrimensura no Liceu Pedro II e começou a trabalhar na Construtora Stecca. Em menos de dois meses, junto com mais dez colegas de turma, fez o levantamento cadastral da cidade de Votorantim, para início do pagamento de impostos. Ao término do levantamento cadastral, foi convidado pelo prefeito, aos 19 anos, para ser o chefe do Setor de Cadastro da Prefeitura de Votorantim. Essa experiência fez com que quisesse cursar Arquitetura ou Engenharia, mas como não havia esses cursos em Sorocaba, acabou ingressando no Curso de Formação de Professores da Organização Sorocabana de Ensino e, ao dar sua primeira aula, percebeu que o magistério era sua vocação.
Dedicação ao magistério – Em 1969, pediu demissão do cargo na Prefeitura de Votorantim e, mesmo ganhando menos, foi dar aulas no Varadouro, bairro de Cananeia, no meio da Mata Atlântica, na divisa com o Paraná, morando sozinho na escola de madeira ao lado de um riacho, com a casa mais próxima a três quilômetros de distância na mata. Ali morou durante um ano alfabetizando crianças. No ano seguinte, voltou para Sorocaba e ingressou no Curso de Letras da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (atual Uniso), ao mesmo tempo em que deu aulas adultos no antigo Curso de Madureza.
Após concluir a faculdade, mudou-se para Santo André, onde continuou dando aulas e fez especialização em Língua Francesa, na Faculdade de São Caetano, e especialização em Linguagem Cotidiana e Literária, na PUC de São Paulo. Aos domingos, vinha visitar a família em Sorocaba, de ônibus e trem, pois não tinha carro. Foi então que começou a lecionar no colégio “Estadão” e no “Getúlio Vargas”, as melhores escolas de Sorocaba na época, além de lecionar na Escola Estadual de Brigadeiro Tobias e na Escola Estadual Prof. Francisco Coccaro, no Éden.
Concluiu Mestrado em Letras na Universidade de São Paulo (USP), em 1989, com dissertação sobre o teatro na escola e o ensino da língua portuguesa. Também foi professor no Colégio Dom Aguirre e no curso de Letras da Faculdade de Filosofia, além de coordenador do referido curso e diretor do Centro de Comunicação e Pró-Reitor de Graduação da Uniso. Nesse período, montou o Grupo de Teatro Katharsis, envolvendo alunos e funcionários do Colégio Dom Aguirre, da Faculdade e da Fundação Dom Aguirre, que dirigiu durante cinco anos, até assumir o cargo na Uniso. O Grupo de Teatro Katharsis, da Uniso, passou a ser dirigido pelo Prof. Roberto Gill e existe há 33 anos.
Atuação cultural – Durante o período em que foi Pró-Reitor de Graduação da Uniso, participou de muitos fóruns pelo Brasil afora, do Amazonas ao Rio Grande do Sul, representando a universidade. Posteriormente, passou a fazer entrevistas sobre arte e educação, criando um canal no YouTube chamado “Narrativas Compartilhadas”, com mais de 160 vídeos de entrevistas, principalmente de ex-alunos e colegas de trabalho das escolas em que atuou, além de interpretação de poemas, principalmente do poeta português Fernando Pessoa. Também integrou o Projeto “Biblioteca Viva”, fazendo leitura para crianças no Hospital Regional, e que atende 48 cidades da região.
Integrou a diretoria executiva da Fundec (Fundação de Desenvolvimento Cultural de Sorocaba), como diretor técnico, atuando principalmente no Instituto Municipal de Música, de 2020 a 2022, quando participação da organização e execução de Saraus Lítero-Musicais Virtuais, durante a pandemia. Em razão de outros projetos que estava desenvolvendo, precisou deixar esse cargo no final dessa primeira gestão.
Em janeiro de 2020, depois de 51 anos dando aulas, decidiu aposentar-se e passou a se dedicar a outros projetos, como a publicação do livro “Simplesmente Aldo Vannucchi e Sua História de Vida”, em que retratar a trajetória do reitor emérito da Uniso, responsável pela criação da universidade. Após a pandemia, em 2022, foi convidado a participar da Flaus (Feira do Livro e Autores de Sorocaba e Região), sendo o autor homenageado pela feira. E continua muito ativo em diversos projetos culturais.