21/06/2024 11h30
atualizado em: 22/06/2024 00h08
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O maestro Eduardo Ostergren recebeu o Título de Cidadão Sorocabano juntamente com Antônio Carlos Sampaio, vice-presidente da Fundec

O maestro emérito da Orquestra Sinfônica de Sorocaba, Eduardo Ostegren, e o vice-presidente da Fundec (Fundação de Desenvolvimento Cultural de Sorocaba), Antonio Carlos Sampaio, foram homenageados pela Câmara Municipal de Sorocaba em sessão solene realizada na noite de quinta-feira, 20, no plenário da Casa. Cada um dos homenageados recebeu o Título de Cidadão Sorocabano pelos relevantes serviços prestados ao município, especialmente no campo da cultura. O evento contou com a presença de autoridades e diversos representantes do setor cultural da cidade.

O artista plástico Pedro Lopes falou da trajetória dos homenageados, especialmente sobre Antônio Carlos Sampaio, que, com sua formação de engenheiro, destacou-se como diretor técnico da entidade, sendo um dos responsáveis por uma profunda reforma da Fundec, sempre trabalhando tecnicamente com “estatística e planilha”, não só na Fundec, mas em outras entidades beneficentes de Sorocaba. Lopes observou que, juntamente com o maestro Eduardo Ostergren, Antônio Carlos Sampaio enfrentou momentos difíceis na instituição, como no período da pandemia, quando foi necessário abrir a orquestra para o mundo virtual, o que acabou dando certo.

Conselheiro da Fundec e ex-presidente da instituição, Geraldo Aparecido Ricci discorreu sobre a trajetória do maestro Eduardo Ostergren e contou que, em 2010, quando a nova diretoria da Fundec resolveu reformular a orquestra, o nome lembrado foi o de Ostergren, que já tinha consolidado a orquestra no passado. A despeito das muitas atividades que desenvolvia na Unicamp e em outras instituições pelo país afora, Ostergren aceitou o convite e, conforme acentuou Ricci, o maestro se caracterizou pela gentileza, o respeito com os músicos e o público e o perfil agregador, o que se traduziu na qualidade do trabalho por ele desenvolvido na orquestra, inclusive na educação e formação de público.

Durante a sessão, outras personalidades deram seus depoimentos sobre os homenageados, entre eles, o Spalla da Orquestra Sinfônica de Sorocaba, Vlamir Ramos Júnior, que executou no violino um movimento do “Inverno” de “As Quatro Estações”, de Vivaldi, e “Jesus Alegria dos Homens”, de Bach. Também se apresentou o Trio Fundec, composto por Leonardo Batista (violão), Maria Júlia Oliveira (flauta) e Renato Silva (pandeiro), que executou as peças “Melodia Sentimental”, de Villa-Lobos, e “Folhas Caídas”, de Francisco Sampaio, pai de Antonio Sampaio, um dos homenageados.

Raízes sorocabanas – Antônio Carlos Sampaio agradeceu a homenagem, lembrou as raízes sorocabanas de sua família e o amor de seu pai pela música e falou de sua atuação na Fundec, inclusive no período da pandemia, quando enfrentou o desafio de assumir a presidência da instituição. “Sempre admirei a cidade de São Paulo pelo seu povo empreendedor, mas foi em Sorocaba que percebi a força da beleza que a arte e a cultura possuem, a beleza da diversidade que está nas nossas raízes. Sorocaba tem um povo extremamente sensível e solidário, por isso a cidade tem muitas instituições do terceiro setor”, afirmou Antônio Carlos Sampaio.

O maestro Eduardo Ostergren contou que, em 1992, ao ser convidado para assumir a Orquestra Sinfônica de Sorocaba, aceitou o convite e se prontificou a vir para a cidade assim que terminasse o ano letivo, uma vez que atuava como pesquisador e professor em universidades norte-americanas. “Terminado o ano letivo, regressei definitivamente para o Brasil com mais de 100 caixas de livros, instrumentos musicais, partituras e um arsenal de equipamentos que acompanham a vida de um maestro. Naquela época, a Sinfônica de Sorocaba não tinha uma sede própria e o escritório era uma simples sala na Rua Tamandaré. Ensaiávamos em igrejas, no Teatro Municipal e repetidamente no Instituto Humberto de Campos”, contou.

Eduardo Ostergren disse que procurou transformar a orquestra numa grande família e fez questão de aproximar a orquestra da comunidade, por meio de palestras e concertos. “Aceitei convite da Rádio Cruzeiro do Sul para apresentar programas de música clássica e, por mais de cinco anos, conduzi dois programas, o ‘Páginas Imortais’ e ‘Concerto de Domingo’. Até hoje guardo com carinho todas as gravações dos programas em fita cassete”, contou Eduardo Ostergren, que também discorreu sobre o papel da música, que, segundo observou, tem múltiplos papéis: entretenimento, formadora de caráter, equilíbrio emocional, agente da educação e interação social e o resgate da dignidade humana.

O maestro Eduardo Ostergren afirmou: “A música é enraizada no solo da realidade. As emoções que ela evoca são, na maior parte das vezes, as boas emoções, como amor, alegria, humor e até melancolia. A música e as artes são o esforço do espírito humano para encontrar um sentido na nossa existência. Por que precisamos da música? Porque, em muitos aspectos, ela desperta em nós o melhor da nossa humanidade” – finalizou o maestro, sob aplausos da plateia presente. Após as palavras do maestro, o vereador que propôs as homenagens finalizou a sessão e, lembrando que, na Sala Fundec, o público pede bis à orquestra de pé, ele também pediu ao público presente que, de pé, desse uma salva de palmas aos homenageados.

Maestro Emérito – Paulista da cidade de São Paulo, onde nasceu em 1943, o maestro Eduardo Augusto Ostergren, aos 18 anos, ganhou uma bolsa de estudos em música, passando a estudar nos Estados Unidos, onde permaneceu por mais de 30 anos. Fez Mestrado em Música na Southern Methodist University, defendendo, em 1968, dissertação sobre a “Missa em Sol Maior” de Franz Schubert. Em 1978, obteve seu Doutorado em Música, na Universidade de Indiana, defendendo tese sobre regência a partir de uma peça de George Frederic Handel.

Foi Diretor artístico da Orquestra Sinfônica de Danville, regente titular da Orquestra Sinfônica de Lafayette e professor de música em universidades na Carolina do Norte e Indiana. Foi também Consul Honorário do Brasil para o Estado de Indiana, de 1985 a 1993. O maestro Eduardo Ostergren também atuou como regente convidado de inúmeras orquestras nos Estados Unidos e países da Comunidade Europeia.

Em 1992, foi convidado pela Fundec para ser o regente titular da Orquestra Sinfônica de Sorocaba. Ostergren aceitou o convite e retornou ao Brasil, permanecendo no cargo até 1999. Em 2010, após um período em que a orquestra esteve sob a regência do maestro Jonicler Real, Eduardo Ostegren assumiu novamente a regência e a direção artística da orquestra, permanecendo no posto até 2022, quando passou a batuta para o maestro Eduardo Pereira, que foi seu aluno na Unicamp.

No Brasil, além da Orquestra Sinfônica de Sorocaba, também foi regente titular da Orquestra Sinfônica de Bragança Paulista e responsável pela implantação do Curso de Mestrado em Artes e Diretor Artístico da Orquestra Sinfônica da Unicamp, onde foi professor da pós-graduação stricto sensu e orientados de alunos do Mestrado e Doutorado em Música. Além de maestro, Eduardo Ostergren toca vários instrumentos, tendo-se dedicado especialmente à viola, inclusive chegou a executar esse instrumento num dos concertos da Orquestra Sinfônica de Sorocaba.

Em meados de 2021, o maestro Eduardo Ostergren manifestou o desejo de reduzir suas atividades na Fundec, sendo reconhecido como maestro emérito da orquestra, mas atendendo a um pedido da instituição, coordenou o processo de sua substituição, legando o comando da orquestra para o maestro Eduardo Pereira, que passou a ser o maestro titular da Orquestra Sinfônica de Sorocaba. Ostergren é casado com a professora Helena Jank, uma das maiores cravistas do Brasil e doutora em música, que o acompanhou na sessão solene.

Direção da Fundec – Natural da cidade de São Paulo, onde nasceu em 1952, mas filho de pais sorocabanos (o casal Amélia Simões Sampaio e Francisco Sampaio), Antonio Carlos Sampaio fez carreira na engenharia civil e destaca-se também por sua atuação no terceiro setor. Ainda quando estudante universitário, em 1974, participou do Projeto Rondon, atuando no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. 

Em 1976, formou-se em Engenharia Civil e começou a trabalhar como engenheiro na Light Serviços de Eletricidade (posteriormente, Eletropaulo). Em 1978, formou-se em Engenharia de Segurança na Universidade Mackenzie e, no ano seguinte, foi para a Espanha fazer especialização em Patologia de Construções no Instituto Eduardo Torroja, em Madri. Em 1980, retornou ao Brasil e ingressou na empresa General Motors do Brasil, onde permaneceu até 2011. Também fez especialização em Administração Industrial na Fundação Vanzolini da USP, em 2003.

Mudou-se para Sorocaba em 2013, onde passou a desenvolver atividades voluntárias. De 2014 a 2016, foi Conselheiro e Tesoureiro do MACS (Museu de Arte Contemporânea de Sorocaba). Desde 2016, integra o conselho superior da Fundec, tendo sido presidente da instituição de 2020 a 2023. Atualmente, é vice-presidente da entidade, que é a fundação mantenedora da Orquestra Sinfônica de Sorocaba. Antônio Carlos Sampaio é casado com Dinorah Brandão Messenberg, que o acompanhou na solenidade.