12/06/2024 12h55
atualizado em: 12/06/2024 14h29
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De autoria de Lucas Monteiro e Kally Momesso, o livro “Eleitas” será lançado em sessão solene na sexta-feira, 14, às 19 horas

A história de todas as mulheres que ocuparam e ocupam cargos eletivos em Sorocaba, seja no Legislativo, seja no Executivo, é contada no livro “Eleitas”, de Lucas Monteiro e Kally Momesso, produzido pela Códice Editorial, com 216 páginas, que será lançado na Câmara Municipal de Sorocaba, em sessão solene a ser realizada na sexta-feira, 14, às 19 horas, no plenário da Casa. Além dos autores, o livro conta com a colaboração de Carol Fernandes e Thatiane Silva nas reportagens e ilustrações de Daniela Silva. 

Sorocaba, que irá completar 370 anos em agosto próximo, contou, em toda a sua história, com apenas 12 mulheres eleitas, que estão retratadas no livro, desde a primeira delas, Salvadora Lopes (1918-2006), até as atuais eleitas para mandatos eletivos, passando por Diva Prestes (1948-2005) e Ana Paula Eleutério (1945-2002). No perfil das biografadas, o livro fala não apenas da atuação política das mulheres durante seus respectivos mandatos, mas também de suas origens familiares e de sua atuação na sociedade como um todo. A obra foi inspirada no podcast “Elas no Poder”, lançado em 2021.

Eleição sem posse – A primeira mulher a se eleger em Sorocaba foi Salvadora Lopes Peres, uma operária têxtil da Votorantim, descendente de imigrantes espanhóis, que que nasceu em 28 de agosto de 1918, em Avaré, veio para Sorocaba com a família ainda criança e conquistou uma vaga na Câmara Municipal nas eleições de 1947. Seu partido, o PST (Partido Social Trabalhista) havia conquistado 14 das 30 cadeiras da Câmara de Sorocaba na época, mas a Justiça Eleitoral cassou todas as candidaturas do partido, sob a alegação de que eram candidatos comunistas e o PCB estava na ilegalidade. Com isso, mesmo sendo a primeira mulher eleita vereadora em Sorocaba, Salvadora Lopes não tomou posse do mandato.

Com a cassação de Salvadora Lopes, Sorocaba teve de esperar 35 anos para ter mulheres exercendo mandato legislativo em sua Câmara Municipal. Nas eleições de 1982, duas mulheres foram eleitas vereadoras, entre elas, a médica Diva Maria Prestes de Barros Araújo, que nasceu na cidade de São Paulo, em 25 de janeiro de 1948, e morreu em 9 dezembro de 2005, aos 57 anos, em decorrência de diabetes. Além de vereadora, Diva Prestes, como médica sanitarista, foi professora na Faculdade de Medicina na PUC-Sorocaba e também foi vice-prefeita, a primeira mulher a exercer esse cargo na cidade, eleita em 1996.

Atuação social – Outro perfil entre os 12 perfis de mulheres que compõem o livro “Eleitas” é o de Ana Paula Eleutério, que nasceu em 28 de setembro de 1945, em Tatuí, veio para Sorocaba aos 23 anos, conseguiu cursar faculdade na área de serviço social e morreu em 23 de janeiro de 2002, aos 57 anos. Primeira mulher com deficiência física a ser eleita em Sorocaba, teve forte atuação nas pastorais da Igreja Católica, trabalhando em prol de populações marginalizadas, e acabou ingressando na política e sendo eleita vereadora em 1982. Hoje o antigo Habiteto leva seu nome: Conjunto Habitacional Ana Paula Eleutério.

Ao mostrar a trajetória das mulheres que foram eleitas na história de Sorocaba, como vereadoras, deputadas, vice-prefeitas, o livro “Eleitas” também retrata a variada origem dessas mulheres. Salvadora Lopes começou a trabalhar como operária aos dez anos de idade e teve forte atuação sindical na indústria têxtil, participando de greves e enfrentando a polícia. Ana Paula Eleutério era filha caçula de uma família de lavradores de quinze irmãos, dos quais apenas oito sobreviveram, pois viviam em condições paupérrimas. Já Diva Prestes era oriunda de uma tradicional família paulista, os Prestes de Barros, da qual saíram vários políticos. Em comum, todas elas ajudaram a garantir a participação da mulher na política sorocabana.