19/04/2024 10h00
atualizado em: 19/04/2024 10h26
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Por iniciativa do vereador Fernando Dini (PP), o artista plástico Pedro Lopes recebeu a homenagem em sessão solene

O artista plástico Pedro Lopes, com exposições no país e no exterior e conhecido por fazer da história de Sorocaba uma das matérias-primas de sua arte, foi agraciado com a Medalha de Mérito Cultural “Ademar Carlos Guerra” pela Câmara Municipal de Sorocaba, em sessão solene realizada na noite de quinta-feira, 18, por iniciativa do vereador Fernando Dini (PP).

O vereador Fernando Dini presidiu a solenidade e dividiu a mesa de honra com o vereador Ítalo Moreira (União Brasil); o secretário de Cultura de Sorocaba, Luiz Antônio Zamuner; o dirigente do Gabinete de Leitura Sorocabano, Laor Rodrigues; e o vice-presidente da Fundec, Antônio Carlos Sampaio. O evento contou com apresentações musicais do violinista Vlamir Ramos Júnior, spala da Orquestra Sinfônica de Sorocaba.

O vereador Fernando Dini observou que a Câmara Municipal de Sorocaba é palco de grandes discussões sobre os rumos da sociedade, mas é também um local para homenagear “as verdadeiras pérolas” da cidade, como o artista Pedro Lopes e sua obra. O vereador ressaltou que, de certo modo, “o amor é uma arte e o carinho e o amor que Pedro Lopes e sua obra inspiram, expressos nos depoimentos em sua homenagem, já revelam que esse respeito público devotado ao artista é também uma arte”.

Legado na história – O amigo do homenageado, Vinícius Ribeiro, a convite do vereador Fernando Dini, discursou na sessão solene e afirmou que Pedro Lopes “deixou um legado na história de Sorocaba, ao eternizar a cidade em sua arte, colocando mais de 400 anos em telas que expressam cada período da história sorocabana, ofertando à cidade esse trabalho de grande magnitude”. Sampaio enfatizou: “Quem for ao Museu de Artes encontrará Pedro Lopes. Ele é aquele que vive a história, que vive a arte, e essa medalha que recebe hoje combina perfeitamente com a sua personalidade, pois Pedro Lopes realmente marcou a história dessa cidade”. 

O secretário de Cultura, Luiz Antônio Zamuner, disse que se tornou vegetariano há muitos anos e que o homenageado foi uma pessoa que o convenceu filosoficamente de que estava no caminho certo, pois Pedro Lopes, segundo ele, “tem um amor incomensurável pelos animais”. O secretário de Cultura parabenizou os vereadores por transformarem uma obra de Pedro Lopes, a série “YbySoroc” (conjunto de 20 painéis que retratam a história sorocabana) em Patrimônio Cultural de Sorocaba. Para o secretário, a referida obra “é algo inédito e ensina gerações e gerações, deixando uma semente para os próximos séculos”.

O vereador Ítalo Moreira ressaltou que Pedro Lopes é um dos maiores artistas brasileiros vivos. “Constatamos a grandeza de Pedro Lopes quando vemos tantos gigantes de nossa cultura presentes nesta sessão solene para homenageá-lo. Pedro Lopes é, sem dúvida, uma grande inspiração para nós. Apreciar suas obras é uma grande oportunidade de apreciar uma arte viva. Além de um grande artista, Pedro Lopes é um grande humanista, uma pessoa de um grande coração, que transcende a arte com seu calor humano. Sua obra nos faz refletir através da arte”, afirmou o parlamentar.

Emocionada, a esposa do homenageado, Rose Puppa, agradeceu o companheiro pelos anos de convivência, que definiu como uma “profunda e sagrada conexão”, declarando a Pedro Lopes: “Eu acredito que a beleza da sabedoria se manifesta nas artes em geral e desejo do fundo do meu coração que nos seus silêncios você encontre aquelas crianças, aqueles alunos, aqueles jovens, aqueles amigos, que brilhantemente se manifestaram perante as suas obras. Sou testemunha disso tudo. Parabéns por tanto me ensinar, ensinando-me coisas que eu jamais encontraria sozinha. Obrigada de novo por tudo”.

Dados biográficos – O vereador Fernando Dini traçou um breve perfil biográfico de Pedro Lopes, que nasceu em Sorocaba, na Vila Santana, em 29 de junho de 1951, filho dos já falecidos Alfredo Lopes Soares e Clara Gomes Soares. Estudou num colégio da Vila Progresso e, aos onze anos, ingressou no Seminário Seráfico Frei Galvão, na cidade de Guaratinguetá. “Era o chamado que moldaria a sua vida e definiria seu legado”, disse Dini, lembrando que foi no seminário que o homenageado iniciou o aprendizado mais apurado em pintura com o frei Cirilo António Lovato.

Pedro Lopes retornou para Sorocaba dois anos depois, prosseguindo com os estudos em colégios do Bairro Santa Rosália e da Vila Hortência. Dedicou-se a estudar pintura cenográfica e, aos 22 anos, ingressou na Faculdade de Belas Artes de São Paulo e, tão logo se formou, foi convidado para lecionar como professor de ensino superior na mesma instituição, devido ao talento inato para as artes. “Esse convite precoce era o reconhecimento da habilidade e da confiança com que sempre conquistou seus pares e mentores”, afirmou Dini, ressaltando que o homenageado inspirou e inspira gerações futuras.

Trabalho na TV – Pedro Lopes trabalhou no departamento de cenografia da antiga TV Manchete, tornando-se reconhecido na capital do Estado, mas sem nunca perder o vínculo artístico com Sorocaba. Confeccionou uma série de 20 grandes painéis, onde retratou em suas pinturas um período de mais de 400 anos da história de Sorocaba. “O eixo Sorocaba-São Paulo logo foi rompido por esse vibrante talento que começou a ser convidado para expor suas obras por todo o Brasil, percorrendo as mais importantes exposições de praticamente todos os Estados brasileiros”, prosseguiu Dini.

Uma das obras de Pedro Lopes está exposta em praça pública: o monumento esculpido em chapas de aço, em homenagem ao padre Antônio Pazini, um dos fundadores do Colégio Salesiano São José, na praça que leva o nome do padre no Jardim Embaixador. Uma vez por ano, na Sexta-Feira Santa, Pedro Lopes mergulha num ritual de reverência e reflexão, ouvindo a cantata “Paixão Segundo São Mateus”, de Johan Sebastian Bach, com aproximadamente três horas de duração. “É um testemunho de devoção de Pedro à fé e à música”, afirmou Dini, que também falou da “feliz e profícua união” de Pedro Lopes com Rose Puppa, que estão juntos há 36 anos.

Celebração à cultura – Ao agradecer a homenagem, Pedro Lopes afirmou: “Para mim, essa sessão é uma celebração à cultura e à arte, uma forma de nos religarmos ao Princípio Único, ao Eterno Infinito. Nós que nos dedicamos à cultura como forma de desenvolvimento humano, sabemos que a palavra ‘cultura’ vem de ‘cuidar’, ‘cultuar’, e se compõe de todas as ações humanas que geram conhecimento e, talvez, o ponto mais alto da cultura seja a arte. Prova disso é que um livro manteve um povo, uma nação, que não tinha território, durante 2 mil anos”, afirmou Pedro Lopes, referindo-se à Bíblia Hebraica em torno da qual gravita o povo judeu. “Esse para mim é o maior exemplo do poder e da força da cultura”, sustentou.

Pedro Lopes ressaltou que a Bíblia é um monumento literário. “Esse livro é uma tremenda obra, uma obra literária. O primeiro capítulo do Gênesis e o Eclesiastes, o Coélet, foram traduzidos por uma grande linguista e um grande poeta, o nosso Haroldo de Campos [1929-2003], que, com certeza era ateu, mas que percebeu a grandeza desse livro. Então, olha o poder que tem isso enquanto obra literária, enquanto obra de arte”, disse Pedro Lopes, que também discorreu sobre a influência da música de Bach em sua vida, por sinal executada, a seu pedido, pelo violinista Vlamir Ramos Junior. 

A obra “YbySoroc”, de Pedro Lopes, um conjunto de 20 painéis que retratam a história de Sorocaba, foi instituída como Patrimônio Cultural da Cidade de Sorocaba através da Lei nº 12.386, de 7 de outubro de 2021, de autoria do vereador João Donizeti Silvestre (União Brasil), aprovada pela Câmara Municipal. A sessão solene foi transmitida ao vivo pela TV Câmara e está disponível, na íntegra, nas redes sociais (YouTube e Facebook) da Câmara Municipal de Sorocaba.