10/04/2024 08h12
atualizado em: 10/04/2024 08h12
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De autoria do vereador João Donizeti Silvestre (União Brasil), a Lei nº 12.990 é justificada pelo autor com base em dados históricos

Com a finalidade de estimular as mulheres de todas as idades que gostam de futebol a praticar esta modalidade de esporte, foi publicada no Jornal do Município a Lei nº 12.990, de 5 de abril de 2024, de autoria do vereador João Donizeti Silvestre (União Brasil), que institui a Política Municipal de Incentivo ao Futebol Feminino. A lei busca incentivar as diversas modalidades de futebol feminino, como futebol de campo, futebol de salão (futsal), futebol “Society”, futevôlei e futebol de areia.

As diretrizes para a implantação da Política Municipal de Incentivo ao Futebol Feminino obedecerão aos seguintes princípios: inclusão social; busca da construção de campeonatos femininos no município; respeito à diversidade; estímulo a prática do esporte; promoção da valorização da mulher nos meios esportivos; estímulo de campanhas sobre direitos da mulher e promoção dos canais de proteção à mulher.

Primórdios chineses – Na justificativa da lei, João Donizeti traça um balanço histórico do futebol feminino, buscando seus primórdios na antiga China, durante a Dinastia Han (206 a.C.-220 d.C.) em que as mulheres jogavam uma variação do antigo jogo chamado Tsu Chu. Também há relatos de mulheres participando de jogos de bola na França e na Escócia por volta do século XIV. Segundo a Fifa, a primeira partida oficial entre mulheres foi disputada no dia 23 de março de 1885, em Londres, na Inglaterra, com dois times femininos representando as partes Norte e Sul da capital do Império Britânico.

Na Primeira Guerra Mundial, quando muitos homens foram para o campo de batalha e muitos pereceram, o futebol feminino se desenvolveu na Inglaterra, uma vez que as mulheres também ingressaram massivamente nas fábricas, que mantinham equipes de futebol feminino. Um desses times de mulheres chegou a atrair um público de 50 mil espectadores na década de 1920. Com o fim da guerra, em 5 de dezembro de 2021, o futebol feminino foi oficialmente banido dos estádios na Inglaterra, levando um grupo de mulheres a criar uma liga de futebol à parte.

Decreto de Vargas – João Donizeti observa que, após a Copa do Mundo de 1966, o interesse dos amadores pelo futebol feminino cresceu e, em 1969, o ramo feminino do futebol voltou a existir oficialmente. A partir de 1971, ele passou a ser incentivado em diversos países, como Itália, Estados Unidos e Japão, que passaram a ter ligas de futebol feminino. No Brasil, considera-se como primeira partida de futebol feminino um jogo que ocorreu em 1921, entre senhoritas dos bairros Tremembé e Cantareira, na zona norte de São Paulo, conforme noticiado pelo jornal A Gazeta. Já em 1941, um decreto do presidente Getúlio Vargas considerou o futebol, entre outros esportes, incompatível com a natureza feminina, o que só viria a ser revogado em 1979.

O Araguari Atlético Clube é considerado o primeiro clube do Brasil a formar um time feminino, uma vez que, em meados de 1958, o clube selecionou 22 meninas para um jogo beneficente em dezembro daquele mesmo ano. “O sucesso dessa partida foi tão grande que a revista O Cruzeiro fez matéria de capa sobre o acontecimento, pois até então, partidas femininas só ocorriam em circos ou em quadras de futsal”, conta João Donizeti, acrescentando que, com esta divulgação, houve vários jogos do time feminino do Araguari em cidades de Minas Gerais (Belo Horizonte, inclusive) e também em Goiânia e Salvador. Em meados de 1959 a equipe feminina do Araguari foi desfeita, por pressão dos religiosos de Minas Gerais.

Ambiente inclusivo – “É de suma importância compreendermos todo esse contexto histórico, para assim, chegarmos aos dias de hoje. E podemos ter certeza, que, como em tantos outros meios profissionais, as mulheres lutaram e ainda lutam para buscar equidade no futebol”, afirma João Donizeti, destacando que o objetivo da lei é “criar um ambiente inclusivo e respeitoso para as mulheres no futebol, quebrando estereótipos de gênero e construindo uma sociedade mais igualitária, na qual homens e mulheres convivam com base na cooperação e na colaboração”.