O vereador e líder sindical falou das conquistas da categoria e cobrou o aumento do número de professores e auxiliares de educação
O papel do servidor público como instrumento da cidadania através dos serviços fundamentais que presta à população foi um dos temas da entrevista concedida pelo vereador Prof. Salatiel Hergesel ao “Jornal da Câmara”, da Rádio Câmara, na terça-feira, 26, antes da sessão ordinária da Câmara de Sorocaba. No jornal conduzido por Priscilla Radighieri e Amanda Mendes, o vereador também falou sobre a reposição salarial da categoria, entre outros assuntos.
Salatiel Hergesel iniciou a entrevista procurando desmitificar a caricatura que muitas vezes se faz do servidor público nos meios de comunicação e programas de humor, retratado como alguém que ganha salários estratosféricos e está cercado de privilégios. “Pode ser que isso seja verdade nos altos escalões de Brasília, mas a realidade da maioria dos servidores públicos é justamente o contrário disso. Em Sorocaba, o servidor ganha 2.400 reais por mês, em média, para trabalhar oito horas”, disse.
O vereador também discorreu sobre a instituição do concurso público, explicando que ele é fundamental para a sociedade, uma vez que o servidor concursado não está submetido às intempéries políticas, à mercê do mandatário de ocasião, e se deixa reger tão-somente pela lei, buscando ser imparcial no seu ofício. “O concurso público não é um privilégio para o servidor, mas uma garantia para a população de que o serviço público será feito em conformidade com o interesse público, sem interferências políticas”, argumenta Hergesel.
Conquistas da categoria – Professor de carreira e líder sindical, Salatiel Hergesel também falou sobre as conquistas do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Sorocaba, do qual já foi presidente e que, com sua eleição para vereador, está sob o comando da professora Ana Paula Pereira de Melo. “Ela é uma grande líder sindical, uma liderança feminina muito importante, que, sem dúvida, lidera, e muito bem, o maior sindicato de Sorocaba. Temos sindicatos maiores, mas que congregam várias indústrias. O nosso é o maior quanto a um CNPJ só”, destacou.
Para Salatiel Hergesel, o Sindicato dos Servidores vem avançando, ano a ano, em vários direitos trabalhistas da categoria, mas ressalva que, neste ano de 2024, por ser um ano eleitoral, as negociações com a Prefeitura Municipal foram muito difíceis. “O governo insistiu muito que tem de encerrar o ano zerado, sem passar dívida para o ano seguinte, pois isso caracterizaria improbidade administrativa. De qualquer forma, conseguimos aquilo que é sagrado – o repasse da inflação de 4,62%, retroativo a janeiro. Além disso, também conseguimos aumentar 10% no vale-alimentação e 15% no vale-refeição”, contabiliza, citando ainda o fim da tabela de desconto do tíquete de refeição.
Defasagem de servidores – O vereador observa que a Prefeitura de Sorocaba tem cerca de 8.800 mil servidores ativos e, somando-se com a Urbes, o Saae, a Funserv e o Parque Tecnológico, além da Câmara Municipal, esse contingente chega a cerca de 11 mil servidores. “É um número baixo se formos comparar com outros municípios do tamanho de Sorocaba, que contam com cerca de 13 mil, 14 mil servidores da ativa”, compara Salatiel Hergesel, que, por meio de requerimentos e reuniões, vem questionando o Executivo sobre a insuficiência de servidores em diversas áreas da administração.
Definindo-se como um político com uma visão de esquerda, que sempre foi militante do movimento sindical desde 1991, Salatiel Hergesel diz que é adepto do diálogo e procura fazer críticas ao governo na hora certa. “O meu trabalho como vereador e líder sindical é detectar as falhas e buscar a solução. Pode ser que isso não dê voto, mas o voto que eu precisava, eu já tive, fui eleito, agora estou prestando um serviço. Então, o meu serviço é resolver o problema do servidor público que está lá na ponta, na creche, na GCM, na unidade de saúde. A minha forma de fazer política é a do diálogo, do entendimento, da compreensão” – afirma, ressaltando que isso não significa que suas reuniões com a administração municipal não sejam muitas vezes tensas, marcadas por cobranças.
Vagas em creches – Entre as cobranças que o vereador conta ter feito reiteradamente ao Executivo está a necessidade de reposição do quadro de servidores. “Hoje, temos uma defasagem de uns 3 mil servidores. Na educação, por exemplo, é preciso que haja um orientador pedagógico por creche, porque hoje tem orientador que trabalha em duas ou três creches e isso é muito ruim para o desenvolvimento da criança. Então, é preciso chamar professores concursados, bem como inspetores e auxiliares de educação”, disse Salatiel Hergesel, adiantando que irá averiguar o caso junto à Secretaria da Fazenda, uma vez que, no âmbito da Secretaria da Educação, não há óbice em chamar esses profissionais.
“A falta de profissionais na creche é um perigo, não só para o desenvolvimento intelectual e educativo da criança, mas até para sua segurança física. Hoje, temos duas pessoas cuidando de cerca de 35 bebês. Se um bebê passa mal e precisa de uma atenção especial, vamos ficar com uma auxiliar para 35 crianças”, afirma o vereador, alertando também para o problema da falta de vagas em creches. O vereador pediu à Prefeitura que amplie as vagas nas creches conveniadas para desafogar as creches municipais, que devido a decisões judiciais, acabam lotadas, com mais de 30 crianças. Segundo ele, graças a esse pedido, as vagas nas creches conveniadas foram ampliadas em 144 vagas neste ano. “Ainda é pouco, porque a população de Sorocaba tem aumentado, mas já ajuda e esse número de vagas pode crescer ao longo do ano”, enfatizou.
Por fim, o vereador falou sobre o plano de carreira dos servidores públicos municipais e o concurso público do Saae, reivindicações antigas do sindicato, que foram atendidas. No caso do Saae, Salatiel Hergesel disse que a abertura de concurso público é uma prova de que o Saae não será privatizado, confirmando aquilo que dizia aos servidores que temiam a privatização da autarquia. “O concurso é uma resposta concreta para os que temiam a privatização. Quem vai privatizar não faz concurso público”, disse no final da entrevista à Rádio Câmara, que foi transmitida ao vivo também pela TV Câmara e está disponível nas redes sociais (YouTube e Facebook) do Legislativo sorocabano.