19/03/2024 10h34
atualizado em: 19/03/2024 11h14
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Uma iniciativa do vereador Ítalo Moreira (União Brasil), a solenidade também celebrou os 25 anos da Società Culturale Italiana di Sorocaba

Os 150 anos de imigração italiana foram comemorados em sessão solene da Câmara Municipal de Sorocaba, realizada na noite de segunda-feira, 18, no plenário da Casa. A iniciativa foi do vereador Ítalo Moreira (União Brasil) e, na ocasião, também foram comemorados os 25 anos da Società Culturale Italiana di Sorocaba.

Ítalo Moreira presidiu a sessão solene e dividiu a mesa de honra com as seguintes autoridades: prefeito de Itapeva, Mário Sérgio Tassinari; presidente da Società Culturale Italiana di Sorocaba, Valdir Paezani; diretora de área da Prefeitura de Sorocaba, Fabiana Campolim, representando o prefeito Rodrigo Manga; diretora de propaganda da Società Culturale Italiana, Maristela Honda; e Biajo Sartencieri, representando todas as famílias homenageadas na solenidade.

“Precisamos reconhecer essa cultura tão importante para o Brasil que é a cultura italiana, representada pelos ítalo-brasileiros e pelos próprios italianos que aqui vivem. Os imigrantes italianos vieram para a nossa região para empreender, gerar empregos e riquezas e contribuir tanto com o nosso desenvolvimento econômico e como também cultural. Então, é uma grande honra realizar essa sessão solene para celebrar a imigração italiana”, afirmou Ítalo Moreira.

Raízes italianas” – Tataraneto de italianos, que chegaram na região de Juiz de Fora, em Minas Gerais, Ítalo Moreira lembrou que os italianos estão nas raízes da própria América, uma vez que Cristóvão Colombo era de Gênova e outro navegador italiano, Américo Vespúcio, acabou batizando o continente americano com o seu nome. “E não podemos esquecer que a maior comunidade italiana fora da Itália está no Brasil, maior do que a dos Estados Unidos”, afirmou Ítalo Moreira, que discorreu sobre as contribuições dos italianos na indústria, na agricultura e na própria educação, citando diversas famílias italianas que contribuíram com o desenvolvimento de Sorocaba.

“O próprio sistema de educação pública do Brasil foi construído, em grande parte, devido à pressão que os italianos exerceram sobre o governo brasileiro”, afirmou Ítalo Moreira, ressaltando ainda o papel dos italianos na Revolução Constitucionalista de 1932, que se insurgiu contra a ditadura de Getúlio Vargas e levou muitos italianos a sacrificarem a própria vida na luta. “O povo italiano sangrou, morreu pelo Brasil, inclusive na Guerra do Paraguai. E a comunidade italiana continua viva, sempre contribuindo e prosperando, influenciando nosso idioma e nossa gastronomia. Muito do sotaque paulista tem raízes italianas”, observou, destacando que o próprio São Bento e Ordem Beneditina, que estão nas raízes de Sorocaba através do Mosteiro, era italiano.

O presidente da Società Culturale Italiana di Sorocaba, Valdir Paezani, afirmou: “Quantos sobrenomes italianos estão presentes nas famílias dos mais de 700 mil habitantes de Sorocaba? No início, pensamos em dar um diploma para cada uma dessas famílias descendentes de italianos, mas depois pensamos que íamos ter que cortar toda a floresta, então achamos bom não fazer isso”, brincou, observando que a cultura do povo italiano, um povo alegre, musical e trabalhador, se espalha e cria raízes. "Segundo dados da Embaixada da Itália no Brasil, cerca de 32,5% da população paulista é descendente de italianos, o que totaliza cerca de 13 milhões de pessoas”, acrescentou Paezani, observando que os italianos começaram a chegar em Sorocaba a partir de 1885. A Lei nº 11.660, de 9 de janeiro de 2018, de autoria da então vereadora Cíntia de Almeida, a ser comemorado anualmente em 2 de junho.

História da imigração – O representante das famílias homenageadas, Biajo Sartencieri, fez um breve resumo histórico da imigração italiana, observando que alguns historiadores registram que os primeiros italianos que chegaram ao Brasil vieram da República da Sardenha em 1836 e fundaram a Colônia Nova Itália, hoje município de São João Batista, em Santa Catarina. “Entretanto, esse registro não é muito considerado porque nessa época a Itália ainda não existia como Estado unificado, eram ducados, repúblicas, principados e reinos que comandavam toda a península”, ressalvou.

Segundo Biajo Sartencieri, o registro mais considerado da imigração italiana é o do sociólogo e historiador Renzo Maria Grosselli, autor de várias obras sobre o tema, para quem a grande imigração italiana para o Brasil começa a ocorrer, de fato, em 1874, com a chegada de 388 pessoas no Porto de Vitória, no Espírito Santo, após 45 dias de penosa viagem, no âmbito da Expedição Trabachi. A escassez de mão de obra nas lavouras brasileiras, com a decadência do tráfico de escravos, e os conflitos entre ducados e reinados na Itália, além do embargo da imigração para os Estados Unidos, contribuíram para a imigração italiana no Brasil.

Milhões de descendentes – Entre 1875 e 1900, aportaram no Brasil cerca de 577 mil italianos, que se fixaram principalmente nas regiões Sul e Sudeste, tornando-se pequenos comerciantes e pequenos industriais, que desenvolveram a metalurgia, a tecelagem e a fiação, como ocorreu em Sorocaba. “As principais famílias que vieram no início foram os Ferrari, Romano, Bianchi, Rossi, Ricci, Colombo, Lombardi, Mancini, Conti e Rizzo”, disse Biajo Sartencieri, destacando que os imigrantes italianos trouxeram muitas contribuições na agricultura, como o plantio de parreirais, trigo e hortas nos quintais. Também deixaram vários vocábulos na língua portuguesa.

“Atualmente, cerca de 35 milhões de descendentes de italianos vivem no país e por isto se celebra com alegria o dia 21 de fevereiro como o dia da imigração italiana no Brasil, criado pela Lei Federal nº 11.687”, afirmou Biajo Sartencieri, que chegou ao Brasil, no Porto de Santos, com seis meses de idade, em julho de 1949, proveniente de uma família da província de Salerno. Tornou-se engenheiro ferroviário e veio para Sorocaba em 1988 para ser superintendente regional da Fepasa. 

Biajo Sartencieri também fez questão de enaltecer os ferroviários e seus companheiros do Rotary e da Maçonaria e, ao final, em nome das famílias italianas, agradeceu ao Brasil pela acolhida em italiano: “Cari brasiliani, per l’accoglienza, per l’opportunità di lavoro e per l’amicizia, grazie mille, Buonasera, grazie um’altra volta. Buonasera.” (“Queridos brasileiros, pelo acolhimento, pela oportunidade de trabalho e pela amizade, muito obrigado. Boa noite, obrigado novamente. Boa noite.”). 

Dos demais componentes da mesa de honra também fizeram uso da palavra e o evento contou com apresentações musicais da cantora Luara Lima e do cantor e violonista José Tatangelo, que apresentaram clássicos da música tradicional italiana. Também foi exibido um vídeo com imagens históricas da imigração italiana e de cidades brasileiras impactadas por essa imigração. A sessão solene foi transmitida ao vivo pela TV Câmara e pelas redes sociais (YouTube e Facebook) da Câmara Municipal de Sorocaba, nas quais pode ser vista na íntegra.