No Dia das Mulheres, vereadoras debatem pautas femininas na Rádio Câmara

As principais pautas de luta das mulheres foram debatidas pelas vereadoras Iara Bernardi (PT) e Fernanda Garcia (PSOL) durante o programa “Bate-papo Com os Vereadores”, realizado pela Rádio Câmara Sorocaba e com apresentação do jornalista Carlos Garbo, nesta sexta-feira, 8, data em que se comemora o Dia Internacional das Mulheres. Entre os temas, foram tratadas as questões de proteção, trabalho, salário e violência.

“Hoje é um dia em que o mundo todo se debruça a debater o tema das mulheres, da condição feminina”, disse Iara Bernadi, pontuando como pautas a serem discutidas a condição feminina na sociedade, a presença das mulheres nos espaços de poder, da questão salarial, o respeito e a violência. “É importante também a cobrança de políticas publicas para essa nossa luta pela igualdade de homens e mulheres”, destacou, lembrando da importância das mulheres que lutaram antes e abriram caminho para a conquista de direitos atuais. Fernanda Garcia disse que o dia é de reflexão e luta, visto que as mulheres ainda tem um longo caminho de batalhas para percorrer.

Iara contou sobre a experiência como deputada federal, quando liderou a bancada feminina, e da união em torno das pautas femininas durante o mês de março. “Era nesse momento que a gente conseguia aprovar projetos voltados à mulher”, disse, contanto sobre a Lei Maria da Penha. “Conseguimos, junto as entidades feministas, até internacionais, aprovar leis importantes para a mulher, como a que tornou crime o assedio sexual, a lei que tipificou no código penal a violência doméstica, a lei do minuto seguinte para vitimas de violência, entre outras”, afirmou. Ela citou ainda outras leis importantes, como a Lei do Feminicídio.

“Quando a gente traz essa reflexão do 8 de março, tem o intuito de provocar a sociedade. É um espaço de conversa com outras mulheres, visto que esta naturalizada a sobrecarga de trabalho, assumindo tarefas em casa, no trabalho, na escola”, disse Fernanda Garcia. Ela apresentou o livro “Feminismo para os 99%”, que é um manifesto das mulheres de vários movimentos para debater a reprodução social da sobrecarga de trabalho. “A mulher sai de um lugar e vai para o outro e continua trabalhando, é muito invisibilizado o trabalho doméstico, o cuidado com crianças, e isso tudo afeta a saúde mental da mulher. Ela não tem tempo para estudar outras questões e refletir sobre sua condição de ser humano”, afirmou. Ela pontuou ainda a situação de mulheres negras e pobres, que sofrem ainda mais.

No programa, as vereadoras debateram temas como baixa presença das mulheres no mercado de trabalho, diferença salarial com homens, falta de estrutura e assédio moral e sexual. “Muitas ainda são arrimo de família e temos casos em Sorocaba em que empresas estão atrasando salários”, relatou a vereadora Iara. Ela destacou importância das profissionais que atuam nas unidades de saúde e nas unidades escolares, que são majoritariamente mulheres. “No momento da pandemia as mulheres perderam muito trabalho, foram as primeiras a ficarem desempregadas, as que atuam nos setores de cuidado.”, lembrou Fernanda Garcia. Segundo ela, sempre que há uma crise, as primeiras demitidas são as mulheres. “É uma visão machista, de que a mulher não é responsável financeiramente”, disse. As vereadoras destacaram a importância do empoderamento feminino e apoio para reconhecimento dos direitos das mulheres.

Iara Bernadi lembrou que Sorocaba tem uma participação “muito bonita” da luta feminista, com o primeiro Conselho Estadual da Condição Feminina do interior, a primeira Delegacia da Mulher, a primeira Casa Abrigo para mulheres vitimas de violência, além de vara específica para violência doméstica e o Cerav (Centro de Reabilitação do Autor de Violência Doméstica), que se tornou referência nacional. “Hoje temos botão do pânico, medidas protetivas, coisas que vieram crescendo para tentar diminuir essas diferenciações”, disse. Ela convidou a população para a audiência pública do dia 20 de março, que vai discutir as medidas protetivas para mulheres em Sorocaba.

Outros temas tratados foram a questão de igualdade salarial, oportunidades profissionais, além da pressão da sociedade sobre as mulheres. Fernanda Garcia destacou as inciativas da campanha do “Maio furta-cor”, que trata sobre os cuidados com a saúde mental materna, além da cartilha “Vire a página”, criada com ajuda de emenda impositiva, destinada a agentes comunitárias para identificarem casos de violência doméstica. As vereadoras também abordaram o livro “Sorocabanas: A Mulher na História de Sorocaba”, do autor Carlos Cavalheiro, que trata de mulheres pioneiras e de destaque em Sorocaba, e a baixa representatividade das mulheres na política. Ao final, as vereadoras foram homenageadas com mensagens dos companheiros.