Programa teve a presença dos vereadores Ítalo Moreira e Rodrigo do Treviso (União), membros da Comissão Especial de Preservação do prédio histórico.
O programa Comissões em Debate, realizado na tarde desta quinta-feira, 28, pela Rádio Câmara Sorocaba, recebeu a presença dos vereadores Ítalo Moreira e Rodrigo do Treviso (União), membros da Comissão Especial de Tombamento e Preservação do Mosteiro de São Bento do Legislativo, que conta também com o vereador Fábio Simoa (Republicanos), além de Alberto Streb, presidente do Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico, e Luiz Antonio Lara, presidente da comissão Amigos de São Bento, para falar sobre as iniciativas voltadas para garantir a manutenção e o tombamento do prédio histórico, localizado no centro da cidade.
“Hoje o mosteiro é um patrimônio de Sorocaba”, destacou Rodrigo do Treviso. “Sorocaba foi a única cidade de toda a América que nasceu em volta de um mosteiro”, explicou Ítalo Moreira, destacando a importância do prédio, que foi sede de educação da cidade no início do município. “Vamos lutar para preservar e fomentar o turismo religioso”, explicou. Ele destacou ainda que o pai da história o Brasil, Adolfo de Varnhagem, e fundador de Sorocaba, Baltazar Fernandes, estão enterrados na localidade.
Alberto Streb explicou que o tombamento do prédio do Mosteiro de São Bento está em andamento no Conselho e só não foi realizado ainda por conta das obras de restauração da imóvel. “Já mandamos para a secretária jurídica para que seja apresentado a prefeito”, disse. “É o nosso maior patrimônio histórico, ali nasceu Sorocaba, a história dos monges, tudo que trouxeram de cultura para Sorocaba”, complementou Antonio Lara, lembrando que o prédio já é tombado pelo Condephat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo). Ele contou que a associação foi criada em 2003 para auxiliar na restauração do Mosteiro e, após muitas obras e um período de inatividade, a entidade está retomando as ações.
Prédio histórico – Implantado em 1660, pela ordem beneditina do Mosteiro de Parnaíba, o Mosteiro de São Bento de Sorocaba e a Igreja de Sant'Anna, foram reconhecido como Patrimônio Cultural Material da Cidade pela lei 12.802/23, de autoria do vereador Ítalo Moreira. Já Alberto Streb explicou como funciona o processo para tombamento de um imóvel e contou que somente o fato de o prédio do mosteiro ter mais de 400 anos de história já é uma justificativa. Ele disse que existe processo de tombamento municipal desde 2009, e que foram necessários estudos para as obras de restauração ao apenas do prédio, mas das obras de arte que integram o local.
“Meu relatório começou com 15 páginas e terminou com 110”, disse. Segundo o presidente do Conselho, o documento, constando informações detalhadas sobre o prédio, foi aprovado pelo conselho para ser realizado o decreto de tombamento. Ele apresentou partes do documento que apresentam imagens históricas que guiaram a restauração do mosteiro, e detalhou sobre os prédios que compõem o complexo do Mosteiro de São Bento para serem tombados.
Representando a Associação Amigos de São Bento, Antônio Lara afirmou que o mosteiro de Sorocaba é único no mundo que não desabou. “Inclusive o mosteiro de Monte Cassino, onde viveu São Bento, ruiu bombardeado durante a segunda guerra mundial”, disse. Ele lembrou também de aspectos históricos, como o termo de doação do prédio aos monges, feita por Baltazar Fernandes, com registros de que o tamanho total da área chegava até Curitiba. Outro detalhe destacado foi o púlpito, esculpido em uma árvore que estava no local. “Não podemos deixar que se perca, é nossa obrigação passar para as próximas gerações”, defendeu. Ele explicou ainda que a associação não gere recursos, apenas propõem projetos para arrecadar fundos para a preservação do mosteiro.
Comissão no legislativo – Ítalo Moreira contou sobre prédios históricos que foram demolidos na cidade, como a casa de Baltazar Fernandes e o convento de Santa Clara. Segundo ele, além da questão cultural, a preservação do mosteiro é importante pela questão turística e para a revitalização do centro da cidade. “Por isso foi criada a comissão especial no Legislativo, para juntar esforços em torno dessa preservação”, explicou. O vereador ainda destacou que o prédio está no Caminho do Peabiru, possivelmente criado pelos Incas, que liga os oceanos Atlântico e Pacífico, além de outros aspectos históricos importantes para a cidade.
Curiosidades – Antonio Lara contou que o mosteiro tem muitos aspectos interessantes para serem explorados. Segundo ele, durante as obras de restauração interna do prédio, forma encontrados vestígios de uma restauração rudimentar, que consistia em inserir jornais nas frestas das taipas. “Quando a restauradora retirou, percebeu que se tratavam de jornais belgas e alemães”, disse.
Lara e Streb explicaram também sobre as formas de captação de recursos para as obras no mosteiro e os desafios para a gestão e realização dos serviços. Eles ainda destacaram a importância da participação dos sorocabanos na preservação do patrimônio que é da cidade. “É um museu vivo da cidade, um testemunho de como surgiu e cresceu a cidade”, disse Antônio Lara. Rodrigo do Treviso lembrou de outro prédio histórico no município, como o Moinho Velho, na região do Jardim Simus, e que a cidade precisa se mobilizar para preservar sua história e valorizar o turismo. “Não sei se esse prédio ainda pode ser utilizado, mas a minha ideia é fazer restaurantes, bares, café, onde tenham obras de arte”, disse, sobre as possibilidade de utilização de prédios históricos.
O programa “Comissões em Debate” foi transmitido ao vivo pela TV Câmara e ficará disponível no portal do Legislativo e nas redes sociais da Casa no Facebook e Youtube.