O cineasta André Fidalgo falou do curta-metragem “Marreta”, que foi selecionado e premiado em vários festivais
“Um homem procura vingança; o outro, redenção. Seus caminhos se cruzam no galpão de uma milícia local.” Essa é a síntese do filme “Marreta”, um curta-metragem com cerca de 30 minutos de duração, produzido em Sorocaba, que já foi selecionado e premiado em vários festivais desde seu lançamento em 2022. O diretor do filme, André Fidalgo, de 26 anos, concedeu entrevista ao programa “Manhã Câmara”, da Rádio Câmara, que já se acha disponível nas redes sociais do Legislativo sorocabano.
De nacionalidade portuguesa, mas radicado em Sorocaba desde 2014, André Fidalgo é formado em jornalismo pela Uniso. Além de diretor e roteirista, é também escritor e fotógrafo e tem-se especializado em fotografia de rua. É autor de dois livros: “Blackout” (Editora Giostri, 2017) e “Só Por Hoje: Do Fundo do Poço à Sobriedade” (Amazon, 2022), este último escrito em parceria com Vanessa Nunes e tendo como tema o alcoolismo.
André Fidalgo já elaborou 12 roteiros de curta-metragem, cinco roteiros de longa-metragem e um piloto de série. Escreveu, dirigiu e montou vários curtas, incluindo um documentário sobre dependência química, “Novas, Velhas Histórias”, que estreou no 11º Cine Fest Votorantim, vencendo o troféu de melhor diretor, melhor curta regional e júri popular. Em 2022, fundou sua própria produtora de filmes, a Vantablack. Seu curta “Marreta” foi exibido no MIS (Museu de Imagem e Som de São Paulo), um dos mais importantes museus da América Latina, e no Teatro do Sesc Sorocaba.
Filmagens à noite – Na entrevista conduzida por Priscilla Radighieri e Marcelo Araújo, André Fidalgo falou de seu processo de criação e contou que o curta “Marreta” foi filmado no galpão de seu pai, que é sócio de uma empresa de importação de material de incêndio. As filmagens aconteciam à noite, das 18 horas às 8 horas da manhã do outro dia, no contraturno da jornada de trabalho dos funcionários da empresa. “Tendo o espaço, escrevi a história dentro daquela espaço”, conta André Fidalgo, lembrando que o curta foi filmado em dez noites e, a cada manhã, eles tinham que decompor o cenário do filme para recompor o cenário do trabalho cotidiano da empresa.
Instigado pela máxima do Cinema Novo citada por Marcelo Araújo (“uma câmara na mão e uma ideia na cabeça), André Fidalgo discorreu sobre seu trabalho com o cinema: “Isso me faz lembrar uma entrevista de um diretor americano, David Fincher. Ele conta que, quando criança, adorava filmes e logo percebeu que não era uma pessoa que fazia o filme, eram os atores que faziam o filme. Ele dizia que tinha todo um circo atrás. E é um circo, no sentido de que é uma autêntica confusão. Não se sabe o que fazer, uma coisa caiu, outra coisa queimou, mas há um sincronismo entre toda a gente para fazer acontecer o filme. Enfim, essa parte é superimportante, o coletivo do trabalhar em conjunto”.
André Fidalgo conta adorar cinema desde criança, quando ainda vivia em Portugal e já brincava de fazer filmes. Inicialmente ingressou no curso de administração, pois queira ser empresário, mas percebeu que sua vocação é contar histórias e lançou seu primeiro livro aos 19 anos, ingressando no jornalismo e migrando para o cinema. Ele falou das diferenças culturais entre Brasil e Portugal, entre elas o sotaque português que não era facilmente entendido quando de sua chegada ao país, e contou ter adaptado seus roteiros para o “português brasileiro”, mantendo-se fiel ao português de Portugal em seus livros, inclusive no livro que está escrevendo no momento.
Parceiros de arte – O cineasta, coerente com sua ideia de que o cinema é uma arte coletiva, contou que, para produzir seus filmes, sempre chama seus “capangas”, pessoas com quem gosta de trabalhar: o diretor de fotografia Nando Gatti (“a pessoa mais premiada que conheço”); o assistente de direção José Valentim (“que também fez fotografia e já montou outros trabalhos”), o ator Guilherme Telli (“ótimo ator e preparador de elenco”) e Luís Fernandes (“que acreditou no projeto e trouxe todo o equipamento para ‘Marreta’, pois não havia orçamento”).
O cineasta, entre outros assuntos, também falou do alto custo financeiro para se produzir filmes e disse que uma saída é buscar financiamentos das leis de incentivo à cultura. E falou do videoclipe que produziu para o álbum “Manhã Azul”, novo trabalho da cantora e compositora Sandra Fidalgo, sua mãe, em parceria com o violonista Swami Jr. e participação de Zeca Baleiro. A entrevista de André Fidalgo à Rádio Câmara também foi gravada pela TV Câmara e pode ser vista nas redes sociais do Legislativo sorocabano.