08/02/2011 20h53
 

Mobilização contou com a participação de prefeitos, deputados, vereadores, OAB e UFSCar, entre outras autoridades e instituições.

 

A Comissão Especial da SP-264, presidida pelo vereador Francisco França, realizou, na tarde desta terça-feira (8), sua quarta reunião para tratar da duplicação da rodovia, que liga Sorocaba a Salto de Pirapora. A audiência pública contou com a presença de prefeitos, deputados, vereadores, além de representantes da OAB e da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos).

 

A reunião foi aberta pelo presidente da Casa, vereador Marinho Marte (PPS), que enfatizou a importância histórica do encontro. “O governo do Estado parece estar ainda inerte diante de tantas mortes que ocorrem na SP-264. Mas a determinação desse encontro, que reúne lideranças expressivas, é mostrar ao governo do Estado que a força municipalista vai prevalecer”, afirmou o presidente da Casa, que passou a presidência do encontro para o vereador Francisco França, devido a compromissos previamente agendados.

 

Antes dos pronunciamentos, foi exibido um vídeo produzido pela assessoria de imprensa dos vereadores, com o apoio da assessoria de imprensa da Casa, mostrando a situação da rodovia, que tem 16,7 quilômetros de extensão, com um volume de tráfego de cerca de 11 mil veículos por dia. De 2006 a 2009, houve aumento de 14% no fluxo de veículos na referida rodovia e esse excesso de tráfego fez com que o número de acidentes crescesse 24%, passando de 128 ocorrências em 2009 para 159 ocorrências em  2010.

 

No comando dos trabalhos, Francisco França agradeceu o empenho de toda a comissão, formada ainda pelos vereadores Rozendo de Oliveira (PV), Anselmo Neto (PP), Luis Santos (PMN), Irineu Toledo (PRB) e Francisco Moko Yabiku (PSDB). O vereador também agradeceu a presença dos prefeitos e vereadores, deputados e seus representantes.

 

O vereador Rozendo de Oliveira, secretário da comissão, leu cartas de apoio ao movimento, enviadas por autoridades que não puderam comparecer. O vereador Luis Santos leu a carta de uma munícipe solicitando a duplicação da rodovia. Em carta, o cantor Daniel, que já foi vítima de acidente na rodovia, desejou sucesso à mobilização, mas disse que não poderia participar do movimento.

 

O diretor interino da UFSCar, Marcelo Nivert Schlindwim, falou do crescimento da região e defendeu que a rodovia não pode ser implantada como praça de pedágio. “Iria atrapalhar a ligação entre as comunidades”, disse, informando, ainda, que a UFSCar deve passar de pouco mais de 2 mil alunos para 10 mil alunos, o que torna a duplicação da rodovia uma exigência ainda maior, visto que, segundo a comunidade universitária, a chegada até o campus já é precária hoje. “A duplicação é estratégica para universidade”, enfatizou o professor.

 

O vereador Marcos Antônio Alves (PT), o Marcão Papeleiro, presidente da Câmara de Votorantim, representando os demais presidentes de Legislativos presentes, fez uso da palavra e enfatizou que “várias pessoas perderam suas vidas por um descaso do governo do Estado”. Falou da importância da mobilização e observou que também é preciso pensar na SP-79, que, no seu entender, está abandonada.

 

O deputado estadual Hamilton Pereira (PT), lembrou que o orçamento do Estado de São Paulo é o segundo maior do Brasil, perdendo apenas para o da União. “O orçamento para este ano de 2011 é de 142 bilhões de reais. O Estado não pode alegar que não tem recursos para realizar essa obra”, enfatizou. O deputado propôs o agendamento de uma reunião com o governador Geraldo Alckmin, no Palácio dos Bandeirantes. “Já passou da hora de realizarmos a duplicação da SP-264. Trata-se da defesa da vida de quem mora nessa região do Estado”, concluiu.

 

Falando em nome dos prefeitos da região, o prefeito de Votorantim, Carlos Augusto Pivetta (PT), defendeu um canal de diálogo permanente com o governo do Estado e observou que, num processo de mobilização, é importante não queimar etapas. Segundo ele, é preciso começar pelas negociações com o governo do Estado e partir para a mobilização popular (como uma caminhada ao longo da rodovia, proposta por alguns participantes do movimento) apenas se as conversas com o governo não forem bem-sucedidas.

 

O secretário de Governo e Relações Institucionais da Prefeitura de Sorocaba, Paulo Mendes, elogiou o trabalho da comissão e relembrou lutas históricas de Sorocaba, como a que possibilitou a duplicação da Rodovia Raposo Tavares e a implantação do campus da UFSCar no município. Paulo Mendes informou que o prefeito Vitor Lippi não pôde participar do encontro devido a compromissos de agenda que não podiam ser adiados, mas enfatizou que o prefeito solicitou oficialmente e pessoalmente ao governador Geraldo Alckmin a duplicação da rodovia.

 

O presidente da seccional da OAB em Sorocaba, Alexandre Ogosuku, disse que o governador não precisa de informações para fazer o que, de ofício, já deveria ter feito há muitos anos e enfatizou que “o ambiente saudável a que temos direito requer essa duplicação”. E a exemplo do diretor interino da UFSCar, reiterou que a duplicação da rodovia tem de ser feita sem pedágio. “Não me parece que essa duplicação comporte pedágio, pois, nessa ligação entre Sorocaba e Salto, não há alternativa de ligação entres os dois municípios”, observou.

 

O prefeito de Salto de Pirapora, Joel David Haddad (PDT), observou que é do conhecimento de todos que a rodovia precisa ser duplicada. “Não é justo que o município tenha que mendigar seu direito à duplicação. Salto não é mais uma cidade pequena, mas uma cidade que está crescendo e se industrializando”, disse. Também falaram o prefeito de Piedade, Geremias Ribeiro Pinto (PT), e o prefeito de Pilar do Sul, Antonio José Pereira (DEM), que lembrou o risco que rodovia sem duplicação traz para as ambulâncias que trazem pacientes para Sorocaba.

 

O vereador José Crespo (DEM) também foi enfático na defesa da duplicação sem pedágio, criticou o DER por não manter dados atualizados sobre a rodovia (os dados, segundo ele, são de 2009) e observou que pode ter sido um erro, na época, aceitar a duplicação da Raposo Tavares com pedágio. “Faço esse mea culpa, pois participei daquela luta”, disse. Crespo também defendeu estratégias de abordagens do governador do Estado em suas visitas à região, com um grupo de representantes do movimento se encarregando de entregar a ele, em todos os eventos, pedidos formais da obra e outros materiais, como forma de mobilização.

 

Ao término da audiência pública, a UFSCar e a OAB foram encarregadas de preparar um dossiê sobre a SP-264. E foi lido o Manifesto “Duplicação em Favor da Vida”, que apresentou dados sobre a rodovia e sua importância vital para a região. Também ficou decidido que será protocolado um pedido formal de audiência com o governador a partir do qual será dado um prazo de 30 dias para que seja definida uma data para a referida audiência com representantes da comissão. Se nesse prazo de 30 dias o governador não marcar uma data para os representantes da comissão, o movimento pretende iniciar uma ampla mobilização da sociedade, marcando uma caminhada entre Sorocaba e Salto de Pirapora.