09/03/2010 19h12
 

Sob o comando do vereador Francisco França (PT), os membros da comissão ouviram o diretor de Transporte, Celso Bersi.

 

Presidida pelo vereador Francisco França (PT), a CPI dos Transportes realizou, na tarde de terça-feira (9), a primeira de uma série de oitivas com diretores da Urbes. Foi ouvido o diretor de Transporte, Celso Bersi (foto), enquanto o outro depoimento previsto, do diretor Roberto Bataglini, foi adiado para a próxima terça-feira (16). A audiência durou cerca de quatro horas, quando foram abordadas diversas questões sobre o transporte público em Sorocaba.

 

Um das causas da crise do sistema, segundo o diretor de transporte da empresa, foi a queda na demanda de passageiros no transporte público em todo o país, que afetou também Sorocaba. Segundo ele, em 1997, o município tinha uma demanda de cerca de 60 milhões de passageiros, enquanto em 2005, essa demanda caiu para 45 milhões. Já a frota não apresentou a mesma queda, sendo de 520 veículos em 1997 para 414 veículos em 2005. O índice de passageiros por quilômetro rodado (IPK) caiu de 2,26 para 1,80. “Esses fatores levaram à não renovação da frota”, afirmou Bersi.

 

Funcionário da Urbes desde 1984, Celso Bersi contou que, em 2008, surgiram indícios de que haveria problemas operacionais com a TCS, uma das empresas operadoras do transporte. “O grupo econômico do qual a TCS fazia parte teve problemas em São José dos Campos, onde houve intervenção, por problemas com a Justiça do Trabalho”, observou.

 

Indagado pelo presidente da CPI, vereador Francisco França, se o não realinhamento de preços do transporte motivou a falência da TCS, Celso Bersi afirmou que não. Segundo ele, houve discordância entre a Urbes e a empresa quanto aos valores, mas o realinhamento pago à outra empresa do sistema também foi pago à TCS. “Os dois itens que mais pesam na planilha de custos, despesas de pessoal e despesas com combustível, são reajustados de imediato, no momento de sua ocorrência, sem atraso”, observou.

 

Avaliação diária — O vereador Luis Santos (PMN) quis saber como a Urbes acompanha as empresas operadoras e, segundo Celso Bersi, a avaliação da planilha de custos das empresas é feita diariamente, sendo que a Urbes presta contas ao Tribunal de Contas uma vez ao ano. “Mesmo havendo essa avaliação diária, não foi possível detectar antecipadamente os problemas da TCS?”, indagou Luis Santos. O diretor respondeu que a TCS era considerada modelo em Sorocaba, atendendo as exigências operacionais da Urbes, e que a vida financeira da empresa foge à alçada de fiscalização da autarquia.

 

O vereador Izídio de Brito (PT) questionou a idade da frota. Segundo Bersi, no transporte coletivo, a utilização de veículos com idade média mais avançada não significa má qualidade do sistema. Já o relator da CPI, vereador Carlos Cezar (PSC), quis saber se, durante o período da intervenção, foi feita uma avaliação da empresa. O diretor de Transporte da Urbes informou que a Urbes contratou a Fundação Getúlio Vargas (FGV) para fazer esse trabalho, uma vez que o papel da Urbes com a intervenção era garantir a operação do sistema.

 

Desequilíbrio econômico — O vereador José Crespo (DEM) formulou uma série de questionamentos ao diretor de Transporte da Urbes e quis saber se o desequilíbrio econômico do sistema está aumentando. Segundo Bersi, há, de fato, um desequilíbrio econômico, que vem se mantendo ao longo dos anos. “Talvez até aumentando, em virtude de alguns benefícios que foram agregados para os usuários, como a integração temporal, as gratuidades e a tarifa diferenciada do final de semana”, acrescentou.

 

Crespo também indagou se o crescimento da demanda de usuários, verificado nos últimos anos, não compensou as perdas anteriores. O diretor da Urbes afirmou que não, uma vez que, segundo ele, o déficit acumulado de passageiros entre 1997 e 2009 chega a 25%. Já em relação ao caixa único e ao fundo de melhorias do transporte, Crespo quis saber se eles já foram utilizados para finalidades administrativas, como despesa de pessoal. Bersi afirmou que não era de seu conhecimento, salvo a utilização do fundo para a confecção de bilhetes e cartões e a manutenção de terminais.

 

José Crespo também indagou sobre os repasses da Prefeitura para o fundo, que saltaram de 600 mil reais em 2003 para 15,6 milhões de reais em 2009. Celso Bersi observou que esse aumento (praticamente o dobro em relação a 2008, quando o repasse ficou na casa dos 7 milhões) se deve em parte ao realinhamento de custos e também aos benefícios sociais do sistema, como o serviço de transporte especial, a integração temporal, a gratuidade para os idosos e o Programa Domingão.

 

Balanço positivo — Crespo indagou, ainda, sobre a diferença de preço quanto ao valor pago pelo combustível às empresas, que, em 2002, chegou a gerar, durante o ano, uma diferença de 351 mil reais. Segundo Bersi, essa diferença pode ocorrer em “em função de oportunidade de negócios de cada operadora e também em função da tecnologia de diesel”. Ainda em função de um questionamento de Crespo, o vereador Francisco França decidiu requisitar à Urbes a composição societária das empresas que prestam serviços de oficina para o sistema.

 

Francisco França fez um balanço positivo da primeira oitiva com a direção da Urbes e observou que o depoente respondeu todas as indagações dos membros da comissão, além de se comprometer a responder os questionamentos para os quais não tinha resposta imediata. A próxima oitiva já está marcada para a próxima terça-feira (16), quando será ouvido Roberto Bataglini. Sua oitiva estava marcada para esta terça-feira, mas devido às quatro horas de depoimentos de Celso Bersi, os membros da comissão decidiram transferir seu depoimento.