Proposta do vereador João Donizeti (PSDB), também visa à geração de renda para a cadeia produtiva da reciclagem
O mundo produz anualmente cerca de 50 milhões de toneladas de lixo tecnológico. Além de conter muito metal, plástico e vidro, que demoram de centenas até 1 milhão de anos para se decompor, esse lixo também apresenta substâncias tóxicas, como mercúrio e chumbo (veja quadro), que causam sérios danos ao meio ambiente e ao ser humano. Com o objetivo de regulamentar o descarte do lixo tecnológico no município, o vereador João Donizeti (PSDB) apresentou projeto de lei já aprovado em primeira discussão e que volta à pauta nesta quinta-feira, 29, quando será votado em segunda discussão.
“Sorocaba é um grande pólo produtor e consumidor de produtos tecnológicos e a produção de lixo eletrônico no município já alcança níveis preocupantes”, salienta João Donizeti. Seu projeto de lei prevê que as empresas produtoras, importadoras ou que comercializem produtos tecnológicos deverão apresentar projeto de coleta, reutilização, reciclagem ou tratamento ambientalmente adequado dos resíduos gerados pelo descarte de seus produtos.
De acordo com o projeto, são considerados lixo tecnológico os resíduos gerados pelo descarte de equipamentos tecnológicos de uso profissional, doméstico ou pessoal, inclusive suas partes e componentes. Entram nessa categoria computadores e seus periféricos; televisores e outros equipamentos que contenham tubos de raios catódicos; eletrodomésticos e eletroeletrônicos que contenham metais pesados ou outras substâncias tóxicas.
Múltiplo uso — “Os produtos tecnológicos, especialmente os eletrônicos, têm uma vida muito curta. A maioria vira lixo em três ou cinco anos de uso, sobretudo, devido à indução ao consumo por parte das empresas, que leva as pessoas a trocar seus aparelhos eletrônicos sem necessidade. Nada mais justo, portanto, que as empresas colaborem no descarte adequado desses produtos, evitando prejuízos para o meio ambiente e a saúde humana”, salienta o vereador tucano.
João Donizeti acrescenta que seu projeto “dará um novo estimulo às empresas que atuam na cadeia da reciclagem, minimizando os efeitos da crise econômica que se abateu fortemente sobre elas”. Há estudos científicos comprovando que 94% dos componentes dos computadores podem ser reciclados.
O vereador explica que o lixo eletrônico pode ser aproveitado de várias formas: “Dentro da cadeia produtiva, um CD se transforma em cabide; o pó do toner de impressora vira pigmento para cabo de panela; o PVC dos fios do computador é utilizado para fabricar sola de calçado; o vidro do monitor pode ser usado para a fabricação de vitrificação de piso cerâmico”. E, segundo João Donizeti, quando o reaproveitamento não é possível, o lixo pode ser neutralizado, evitando danos ao meio ambiente e à saúde publica.
Da insônia ao câncer
Confira no quadro abaixo os males que o lixo tecnológico pode causar no organismo humano:
Substância |
Contaminação |
Efeito |
Mercúrio |
Inalação e toque |
Problemas de estômago, distúrbios renais e neurológicos, alterações genéticas e no metabolismo. |
Cádmio |
Inalação e toque |
Agente cancerígeno, afeta o sistema nervoso, provoca dores reumáticas, distúrbios metabólicos e problemas pulmonares. |
Zinco |
Inalação |
Provoca vômitos, diarréias e problemas pulmonares. |
Manganês |
Inalação |
Anemia, dores abdominais, vômito, seborréia, impotência, tremor nas mãos e perturbações emocionais. |
Cloreto de Amônia |
Inalação |
Acumula-se no organismo e provoca asfixia. |
Chumbo |
Inalação e toque |
Irritabilidade, tremores musculares, lentidão de raciocínio, alucinação, insônia e hiperatividade. |
Fonte: Antônio Guaritá e Denise Imbroisi, da UnB, segundo revista Comciência, da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência).