03/10/2009 16h01
 

O professor da Universidade de Sorocaba (Uniso) foi o terceiro palestrante da 1ª Conferência Regional de Comunicação com o tema “A Influência da Grande Mídia no Comportamento Social”.

 

Negrão defendeu que o poder dos meios de comunicação é forte, mas não invencível e que a mídia influencia a visão de mundo da sociedade a longo prazo. “Os efeitos não são imediatos. A comunicação não intervém diretamente no comportamento explícito, mas tende a influenciar a forma como o expectador organiza seu conhecimento de mundo”, disse.

 

João Negrão desmistificou o pensamento de alguns militantes dos movimentos sociais que acham que os proprietários dos veículos de comunicação têm todo o poder sobre as publicações. Defendeu que as impressões do repórter - que não têm, necessariamente, a mesma visão de mundo defendida pela linha editorial imposta pelos proprietários - e opiniões contra hegemônicas também influenciam.  

 

Negrão destacou que a mídia não pode ignorar a realidade.  “Jornalismo não é ficção, por mais que um jornal escolha não cobrir certa realidade, se esta foi experimentada por uma parcela da população ela obriga a imprensa a noticiá-la”. Ele citou como exemplo a Rede Globo, que inicialmente não noticiou o movimento das Diretas Já, mas a pressão popular e a concorrência levaram a emissora a cobrir o movimento.

 

Negrão disse que não se deve trocar a realidade pela nossa própria vontade. Observou que o conhecimento sobre a realidade social ainda é fortemente marcado pelo poder dos grandes grupos midiáticos, que, têm uma capilaridade muito grande. “De onde vêm as notícias sobre as questões econômicas e políticas do mundo? Quando o Cruzeiro e o Bom Dia tratam desses assuntos, eles se utilizam das grandes agências nacionais e internacionais, o que significa que elas continuam definindo os conteúdos, conformando a maneira com a qual a gente vê o mundo, ainda que essa capacidade delas venha sendo corroída nos últimos tempos”, afirmou.

 

E para defender os tópicos abordados em sua explanação, falou sobre sua tese de doutorado onde analisou os jornais paulistas “O Estado de São Paulo” e Folha de São Paulo”.

 

O professor citou algumas teorias de comunicação. Ele começou discorrendo sobre as teorias da comunicação, começando pela teoria hipodérmica da comunicação, que dizia que os detentores dos meios de comunicação tinham poder absoluto sobre ela.

 

Falou também sobre as teorias da Agenda Setting, que afirma que a discussão pública é pautada pelos temas que ganham espaço nos mídia, e do Espiral do Silêncio, onde agentes sociais, por medo do isolamento, têm receio de expor opiniões contrárias a da maioria que é difundida pelos meios de comunicação.