16/02/2009 12h00
 

 Em audiência pública que contou com líderes empresariais, sindicalistas e pesquisadores universitários, vereadores se propõem a enfrentar a crise

 

A união de todos os segmentos sociais em prol de um pacto contra a crise foi a tese predominante na audiência pública realizada na manhã de segunda-feira, 16, na Câmara Municipal de Sorocaba. Com um plenário participativo e uma audiência atenta, líderes empresariais, sindicalistas, economistas, prefeitos e vereadores, entre outras autoridades, fizeram um acurado diagnóstico da crise financeira internacional, avaliando seus possíveis reflexos na economia brasileira e paulista, especialmente na Região Administrativa de Sorocaba, que conta com 79 municípios e uma população estimada em 2,8 milhões de pessoas. “Somos a oitava economia do Estado e a 21ª do Brasil”, enfatiza o vereador Hélio Godoy (PSDB), autor da proposta que possibilitou a realização do debate.

 

“Os participantes foram unânimes em considerar positiva essa audiência pública. Ela é o marco inicial do fórum permanente de acompanhamento da crise, que estamos instituindo a partir de agora, com a participação dos mais variados segmentos da sociedade e o apoio imprescindível das universidades da região”, explica Hélio Godoy. Um grupo de trabalho irá sistematizar tudo o que foi discutido e o documento final do encontro será repassado a todos os participantes, à imprensa e demais interessados. “Já estamos agendando uma reunião para o próximo mês, que será realizada no Pólo de Desenvolvimento do Município”, adianta o vereador. De cada reunião sairá um documento com uma análise de conjuntura da crise, analisando seus possíveis impactos na economia regional.

 

“Essa é uma crise financeira que teve início nos Estados Unidos e na Europa, daí a nossa preocupação. Sorocaba tem um forte parque industrial metal-mecânico e de autopeças, que exporta exatamente para países da União Européia e Estados Unidos. Se houver recessão por lá, temos de estar preparados para enfrentar uma possível queda nas nossas exportações para esses mercados”, explica Hélio Godoy. Todavia, segundo o vereador, a audiência pública serviu até para tranqüilizar o mercado regional: “As nossas expectativas são promissoras. A vinda da Toyota para Sorocaba é um exemplo. Ela é um chamariz de investimentos e sua instalação no município vai atrair muitas outras empresas, gerando emprego e renda”.

 

Pacto social — O otimismo do vereador Hélio Godoy é corroborado pelo empresário Antônio Roberto Beldi, diretor titular do Ciesp de Sorocaba, que conta com mais de 300 empresas associadas em 48 municípios da região. “Sorocaba sempre foi pioneira, desde sua fundação, em 1654. A Estrada de Ferro Sorocabana foi construída pela iniciativa privada”, lembra o empresário. E é com base nesse espírito empreendedor do sorocabano que ele aposta na superação da crise na região: “Basta que estejamos unidos. Não vamos resolver a crise com extremismos, mas com diálogo. Parafraseando John Kennedy, quando assumiu a presidência dos Estados Unidos, não espere o que Sorocaba possa fazer por você, mas, juntos, vamos fazer o que é possível por Sorocaba”. Beldi defendeu um pacto social anticrise nos moldes do Pacto de Moncloa, implementado na Espanha pós-franquista: “O Pacto de Moncloa, suprapartidário, deu um peso internacional à economia espanhola, que, hoje, conta com empresas que são líderes mundiais em alguns segmentos”.

 

O secretário de Desenvolvimento Econômico de Sorocaba, Daniel de Jesus Leite, anunciou que, por intermédio de convênio entre a Prefeitura e o Sebrae, já foi disponibilizada a quantia de aproximadamente 1,1 milhão de reais para as pequenas e microempresas do município. Apostando na capacidade de geração de empregos das pequenas empresas como forma de enfrentar a crise financeira, o secretário enfatizou a importância de agregar tecnologia nesse setor e destacou o papel da incubadora de empresas: “Temos dez empresas instaladas em nossa incubadora e estamos abrindo licitação para instalar mais cinco. Além disso, remodelamos a nossa incubadora para atender também ao empresário não-residente, ou seja, vamos ajudar as pequenas empresas em dificuldade no próprio local em que estão instaladas”.

 

As universidades, que têm papel primordial quando o assunto é desenvolvimento tecnológico, também marcaram forte presença na audiência pública. O professor da Universidade de Sorocaba (Uniso), Flaviano Agostinho de Lima, mestre em economia pela PUC de São Paulo, sustentou que a crise atual, como a de 1929, é uma crise financeira: “É uma crise especulativa, desgarrada do real e isso contaminou a economia em todo o mundo. Mas acredito na força de recuperação dos setores produtivos nacionais”. Em sua avaliação, a crise não deve se prolongar muito no Brasil, porque o país “dispõe de instrumentos para superá-la”.

 

Presidida pelo vereador Hélio Godoy, a mesa da audiência pública também foi composta pelo secretário de Desenvolvimento de Sorocaba, Daniel de Jesus Leite; pelo prefeito de Porto Feliz, Claudio Maffei; pelo diretor titular do Ciesp, Antônio Roberto Beldi, e pelo presidente da Câmara Municipal de Laranjal Paulista, Roque Lázaro Lara. O evento contou com a participação ativa de vereadores e prefeitos de Sorocaba e de vários municípios da região, como Ibiúna, Laranjal Paulista, Americana, Porto Feliz, entre outras. “Isso comprova o sucesso dessa audiência pública”, sustenta o vereador Hélio Godoy, enfatizando que o principal resultado do encontro foi a criação do Fórum Permanente de Combate à Crise Econômica, que, segundo ele, servirá de norte para as ações do poder público e da iniciativa privada.