Dispõe sobre a concessão da Comenda de Mérito em Educação ao Ilustríssimo Professor Ms. “ROBERTO SAMUEL SANCHES” e dá outras providências.

Promulgação: 10/05/2023
Tipo: Decreto Legislativo

JUSTIFICATIVA:



Nasceu na Rua da Penha, esquina com a Rua Dr. Artur Gomes, onde viveu até 6 anos de idade. Aos 7 anos mudou-se para a mesma rua, na frente de onde é hoje o Ipanema Hotel. 

Passou a frequentar o Grupo Escolar Antônio Padilha, que era no mesmo quarteirão, na Rua Cesário Mota. Portanto, com 7 anos já ia fazer compras na padaria e ia para a escola sozinho, principalmente que a cidade calma, tranquila de interior possibilitava, inclusive passear de bonde com os amigos, bonde que passava pela própria Rua da Penha. Teve um infância simples e feliz. 

Com seus amigos, fizeram uma horta nos quintais de casas velhas, sem moradores, nos fundos de onde hoje é o Ipanema Hotel. Plantavam algumas verduras e saíam para vender na vizinhança no final de semana. Portanto tinham dinheiro para ir à matinê do Cine Caracante aos domingos, com pipoca e sorvete e até compravam pizza com o próprio dinheiro, não precisavam pedir aos pais. 

Sua mãe tinha uma quitanda na frente da casa e o pai trabalhava no comércio de frutas que entregava no mercado municipal, feiras e quitandas espalhadas pela cidade. 

Com 12 anos de idade, quando cursava a 1ª série ginasial, hoje 5ª. série, já estudava à noite, no Ginásio Anchieta, na Rua da Penha, pois já auxiliava trabalhando com o pai, no controle dos pagamentos dos fregueses. Aos poucos, passou a auxiliar na colheita de laranjas, uvas, abacates, acompanhando o pai e o irmão mais velho, nas viagens a São Paulo, Bebedouro, Limeira e Jundiaí ou auxiliando na quitanda de sua mãe. 

Sua mãe, mesmo tendo cursado até o 3º ano escolar, gostava de ler e passou esse gosto para ele. Ele era o 4º filho dentre os 6 irmãos (3 homens e 3 mulheres). Morava em uma casa pequena para 8 pessoas e a quitanda, havia muito movimento pois seus irmãos e irmãs tinham amigos que frequentavam a casa. Como gostava de ler e estudar, subia no telhado do tanque e banheiro, junto ao muro, onde instalou uma plataforma de madeira para poder sentar-se e ler sem o movimento da casa. Uma vizinha, D. Herta, uma alemã muito gentil, acabava motivando-o para essa leitura e estudo e, vez ou outra,  dava-lhe um lanche e bolo por cima do muro.

Ele já assinava a Revista Seleções do Reader’sDigest que também era lido pela mãe e depois passou a ser assinante do Clube do Livro, recebendo um romance por mês. 

Após o ginásio, seguindo os passos do irmão Altair, entrou no Curso de Agrimensura no Liceu Pedro II. Ainda estava no 1º ano, quando foi chamado, por um dos professores, para trabalhar na Construtora Stecca. 48 dias depois já estava trabalhando na Prefeitura Municipal de Votorantim, com mais de 10 colegas de turma, dentre outros, para fazer o levantamento cadastral da cidade, para início do pagamento de impostos. 

Ao término do levantamento cadastral, foi convidado pelo prefeito para ser o chefe do Setor de Cadastro da Prefeitura, quando ainda tinha apenas 19 anos. Ao terminar o curso de Agrimensura, como não havia Arquitetura e Engenharia em Sorocaba, cursos que pretendia cursar, para não ficar parado, entrou na 2ª. série do Curso de Formação de Professores para o Magistério na OSE. 

Ao dar sua primeira aula de estágio, para uma turma de 3ª. série do Primário, vendo o interesse e alegria das crianças pela aula, arrepiou-se todo e percebeu que aquela seria sua verdadeira profissão para o resto da vida.

No ano seguinte foi cursar o 3º ano no Instituto de Educação Júlio Prestes de Albuquerque – “Estadão” e em outra aula de estágio constatou novamente a certeza de mudar de profissão.

No ano seguinte, em 1969,  mesmo recebendo um salário bem menor daquele que ganhava, para assombro de muitos,  pediu demissão do emprego na Prefeitura e foi dar aulas no Varadouro, bairro de Cananeia, no meio da Mata Atlântica, divisa com o Paraná, morando sozinho na escola de madeira ao lado de um riacho, com a casa mais próxima a 3 quilômetros de distância na mata. Ali morou durante um ano, alfabetizando, dando aulas para crianças de 1º. 2º e 3º anos. 

No ano seguinte, voltou a Sorocaba e entrou no Curso de Letras da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras, atual Uniso. Durante os 3 anos de curso, foi secretário e professor no CEM – Centro de Estudos Modernos, dando aulas de Português para o Curso de Madureza Ginasial e Colegial, todos os alunos eram mais velhos que ele e isso fez aprender ainda mais. Vários desses alunos, após formados, cursaram faculdade e acabaram trabalhando com ele em escolas públicas. 

Depois que terminou a Faculdade, passou a morar em Santo André, dando aulas para o 3º ano do primário em Ribeirão Pires e para o ginásio em Mauá. Durante esse ano cursou Bacharelado em Letras e especialização em Língua Francesa na Faculdade de São Caetano e cursou especialização em Linguagem Cotidiana e Literária na PUC de São Paulo. Vinha aos domingos para visitar a família em Sorocaba. Não tinha carro e tudo era feito a pé, de ônibus e trem. 

No ano seguinte, conseguiu aulas exatamente na escola onde tinha terminado o curso de Magistério 4 anos antes, no Estadão – IEJPA.  Emocionado, foi recebido na porta pela sua ex-professora Maria Helena Grohmman, mãe daquele que viria a ser seu aluno e hoje brilhante profissional em São Paulo, Zé Henrique de Paula. Na sala dos professores continuou a ser bem recebido pelos queridos professores e queridas professoras de alguns anos antes e pela sua diretora, Profa. Eli Grillo Mussi. Quatro meses depois, indicado pela Profa. Theresinha de Jesus Gomes, foi recebido pelo Dr. Antônio Pedroso de Souza, diretor da E.M.P.S.G. “Dr. Getúlio Vargas”, onde passou a trabalhar. 

No Getúlio passou a dar aulas de 5ª. a 8ª. série do 1º. Grau e de 1ª. a 3ª. série do 2º. Grau.

O Getúlio Vargas e o Estadão eram as melhores escolas de Sorocaba, na época, onde estavam a maioria daqueles alunopassariam a ser grandes profissionais de Sorocaba, São Paulo, Brasil e muitos se espalhariam e se espalham por vários países. 

Paralelamente a esse momento em que dava aulas no “Getúlio”, também deu aulas em escolas da rede pública estadual: Escola Estadual de Brigadeiro Tobias, Escola Estadual Prof. Francisco Coccaro (no Bairro do Éden, onde o NOBRE VEREADOR JOAO DONIZETI foi seu aluno e no primeiro dia de aula, na sala de aula, cadeiras em círculo, João Donizeti, ainda adolescente, com seus 12 anos de idade, dando seu depoimento sobre o que pretendia ser no futuro disse “- Quero ser vereador de Sorocaba.”Felizmente, sonho realizado e muito mais a fazer. 

Depois Roberto ingressou como efetivo na Escola Estadual Profa. OssisSalvestrini Mendes. 

Durante 21 anos que permaneceu no Getúlio Vargas, desenvolveu atividades variadas nas suas aulas de Língua Portuguesa e Literatura, procurando criar o gosto pela leitura, pela Literatura e por atividades relacionadas à Comunicação. Sendo assim, desenvolveu também muitas atividades com poemas, com textos literários e muitos de seus alunos acabaram participando do Festival Interno de Teatro Getúlio Vargas, durante 7 anos de duração.

A intenção maior era fazer com que os alunos tivessem maior facilidade no processo de comunicação oral, maior desenvoltura, inter-relação social, para aplicá-la na profissão, na vida. Em contrapartida, muitos deles acabaram tornando-se profissionais do contexto artístico e a maioria daqueles que se tornaram profissionais em outras áreas, consideram que essas atividades foram importantes, facilitando para serem os profissionais que hoje são. 

Em 1980 passou a frequentar o Mestrado em Teoria da Literatura e Literatura Comparada na Universidade de São Paulo – USP, tornando-se mestre em 1989. Sua dissertação de Mestrado foi “Teatro na Escola, a trajetória de um professor de Português”, envolvendo um relato sobretudo sobre o Festival de Teatro Getúlio Vargas e sobre atividades que desenvolveu com seus alunos. 

Em 1986 passou a dar aulas no Colégio Dom Aguirre, indicado pelo Prof. Aldo Vannucchi e bem recebido pela diretora Profa. Maria Aparecida Corrêa Maia (D. Tita) que o contratou. Logo passou a dar aulas na Faculdade de Filosofia, no curso de Letras. Em seguida foi coordenador do Curso de Letras, Chefe do Departamento de Letras, Diretor do Centro de Comunicação e Pró-Reitor de Graduação da Uniso durante 8 anos. 

Em 1989, dando aulas na Faculdade, a convite da Profa. Sonia Chébel M. Sparti, montou o Grupo de Teatro Katharsis, envolvendo alunos e funcionários do Colégio Dom Aguirre, da Faculdade e Fundação Dom Aguirre,  que dirigiu durante 5 anos e precisou deixar posteriormente para assumir a Diretoria do Centro de Comunicação. Esse Grupo de Teatro Katharsis, da Uniso,  passou a ser dirigido pelo Prof. Roberto Gill e já existe há 33 anos apresentando peças de alto nível no contexto de Sorocaba, Brasil e internacional. 

Durante o período em que foi Pró-Reitor de Graduação, além das atividades diretamente relacionadas à Uniso, participou de muitosFóruns de Graduação pelo Brasil afora, do Amazonas ao Rio Grande do Sul,  representando a Uniso,  debatendo as temáticas principalmente ligadas às Avaliações de Cursos e de Universidades, ao Estágio na Graduação, às Ações Afirmativas relacionadas às desigualdades raciais buscando igualdade de oportunidades a todos, dentre outras temáticas, sendo o responsável por oito Fóruns de Graduação desenvolvidos dentro da Uniso, procurando debater dentro da própria Universidade essas mesmas temáticas dos Fóruns nacionais e regionais. 

Com o objetivo de atualizar a dissertação de mestrado, passou a fazer entrevistas sobre Arte e Educação, surgindo disso um canal no YouTube chamado Narrativas Compartilhadas onde já existem mais de 160 vídeos de entrevistas, principalmente de ex-alunos e colegas de trabalho da Escola Getúlio Vargas, Colégio Dom Aguirre, Uniso, Grupo de Teatro Katharsis, personalidades do contexto teatral, educacional e culturale alguns vídeos com interpretação de poemas principalmente do poeta português Fernando Pessoa. 

Paralelamente fazia parte de um grupo chamado Projeto Biblioteca Viva e fazia leitura para crianças no Hospital Regional, que atende 48 cidades da região. 

No final de 2019 foi convidado para fazer parte da Diretoria Executiva da Fundação de Desenvolvimento Cultural de Sorocaba – FUNDEC como Diretor Técnico, principalmente junto ao Instituto Municipal de Música, tendo exercido o cargo durante a gestão 2020/2022 e participado da organização e execução de alguns Saraus Literomusicais virtuais, durante a pandemia. Em razão de outros projetos que estava desenvolvendo, precisou deixar esse cargo no final dessa primeira gestão.

Em janeiro de 2020, depois de 51 anos dando aulas, decidiu aposentar-se para ter tempo para continuar desenvolvendo alguns projetos e estar mais próximo dos netos. 

Logo em seguida começou a pandemia da COVID 19, interrompendo muitas ações. Nesse período, focou algumas das entrevistas realizadas que resultou na publicação do livro “Simplesmente Aldo Vannucchi e sua história de vida”, procurando retratar um pouco da vida do Prof. Aldo Vannucchi, principal responsável pela criação da Fundação Dom Aguirre, da Universidade de Sorocaba e grande figura da Educação Nacional agraciado várias vezes por esta Câmara Municipal pelo valioso trabalho desenvolvido para a Educação de Sorocaba e âmbito nacional. O Prof. Roberto Samuel já recebeu Congratulações desta Câmara pela publicação desse livro, por iniciativa do vereador João Donizeti Silvestre, em setembro de 2021. 

Após a pandemia, em 2022, o Prof. Roberto foi convidado a participar da FLAUS – Feira do Livro e autores de Sorocaba e Região; organizou e participou do SARAU FLAUS 2022. Além disso, foi o autor homenageado desse ano pela FLAUS. 

Atualmente, além da maravilha que é estar com os netos, familiares e amigos,  tem participado de vários eventos pela cidade, e auxiliado na organização do SARAU LITEROMUSICAL de Letras da Uniso, que em abril deste ano está na edição número 15, tendo participado de todos eles. 

Em janeiro deste ano, resolveu encontrar-se com ex-alunos que alfabetizou e deu aulas há 54 anos em Cananeia. Procurou contatos pela internet. Dois dias depois, um de seus alunos, que mora em Santa Catarina, ligou para ele e na semana seguinte veio especialmente para visitá-lo em sua casa.  Conseguiu outros contatos e foi encontrar-se com vários deles em Cananeia e no Ariri, divisa com Paraná, onde um deles o recebeu para pernoite na casa dele. Em Cananeia fez almoço para dois deles e familiares e pôde fazer algumas entrevistas que colocou no seu Canal do YouTube, demonstrando a beleza da profissão, a satisfação do ser professor.

Assim, diante de todo o exposto, esperamos o apoio dos nobres pares para que a referida e justa homenagem seja aprovada por nossa Casa de Leis.