O vereador eleito responde pela primeira bancada coletiva da Câmara de Sorocaba, que compõe com o Professor Munhoz
A trajetória como idealizador de uma horta comunitária e a bancada coletiva no Legislativo sorocabano foram os destaques da entrevista que o vereador eleito Rogério Marques, 41 anos, concedeu recentemente ao programa “Bate-Papo com os Vereadores”, da TV Câmara. Na entrevista conduzida por Carlos Garbo, o vereador eleito também falou da bancada coletiva que irá dividir na Câmara Municipal com o Professor Munhoz, além de contar um pouco de sua trajetória de vida.
“Fizemos uma chapa coletiva, algo inédito em Sorocaba, em que pese outros terem tentado antes, mas não tiveram êxito. Sempre gostei de trabalhar em grupo. O Professor Munhoz é uma pessoa do bem. Eu vou responder pela cadeira na Câmara, mas as nossas decisões serão tomadas em conjunto”, explica Rogério Marques, cuja primeira tentativa como candidato a vereador ocorreu em 2020, durante a pandemia. Ele conta que o trabalho continuou deste então e, com a atual chapa coletiva, deu resultado e ele, conforme enfatiza, se tornou o primeiro vereador eleito de Aparecidinha.
Origem rural – Paranaense da cidade de Primeiro de Maio (emancipada em 1951 e hoje com 10.082 habitantes), Rogério Marques nasceu em 1º de dezembro de 1982 e foi eleito vereador pelo Partido Agir, com 2.906 votos, integrando a bancada coletiva (a primeira na história do Legislativo sorocabano), com o Professor Munhoz. Jardineiro e proprietário de uma quitanda, o vereador eleito é casado com Talita Marques desde 2014.
“Eu sou filho de lavrador, meus pais eram lavradores e eu morava na roça. Sempre trabalhei na roça, vivendo da agricultura. A gente plantava de tudo, café, algodão, feijão, arroz, alho. A gente não comprava nada. Tudo que precisávamos, tinha ali no quintal, no celeiro, que a gente chamava de ‘tuia’. A gente colhia e separava uns 70 por cento para venda e guardava de 20 a 30% para consumo e para replantar”, conta.
União familiar – Rogério Marques conta que união familiar sempre foi uma tradição: “A gente sempre teve o costume de se reunir na casa do meu avô. Eu perdi meu pai quando tinha 8 anos, foi minha avó que nos criou ali, tudo embolado. Por ser uma situação muito difícil, a perda do meu pai, a gente sempre sofreu muito. A roça traz muito sofrimento, é acordar muito cedo, é um trabalho muito esforçado fisicamente. Hoje, eu paro e fico pensando: como é que a gente aguentava ficar o dia inteiro com a enxada na mão, carpindo café, carpindo algodão, fazendo todo esse trabalho”.
Entre 1998 e 1999, Rogério Marques veio para Sorocaba pela primeira vez, visitar sua mãe que se radicara na cidade depois de se casar novamente. “Quando cheguei aqui, eu me apaixonei pela cidade. Sorocaba é um lugar extraordinário. Era a época do prefeito Renato Amary e a cidade estava crescendo. Vim para ficar 15 dias e estou aqui há 25 ou 26 anos”, lembrando que veio morar no Bairro Mato Dentro, para trabalhar numa fazenda, com produção de leite, com gado Jersey, que é um gado de exposição. Cerca de três anos depois, mudou para o Jardim Josane, na região de Aparecidinha."
Horta comunitária – Em 2000, Rogério Marques montou uma pequena empresa de paisagismo e iniciou seu trabalho pastoral na igreja. “No começo, a gente plantava 500 pés de alface por semana. A horta foi crescendo e, em 2020, a última vez que a gente plantou a horta comunitária, chegamos a 40 mil pés de alface”, conta, observando que, no Japão, as hortas comunitárias são muito comuns, plantadas em canteiros centrais e terrenos baldios.
Em relação a seu trabalho pastoral, Rogério Marques explica que seu ministério não se desenvolve num templo físico. “É uma igreja sem paredes. Deus não habita templos construídos por mãos de homens, está na Bíblia. Ele está onde houver uma pessoa necessitada. Meu chamado é para cuidar de pessoas, cuidar de gente, sobretudo das pessoas que estão sofrendo. Então, em 2018, montei a Associação Valentes de Davi, que hoje cuida de pessoas em situação de rua e dependentes químicos”, conta, ressaltando que não faz acepção de pessoas ou de igrejas e tem amigos de todas as religiões.
Quitanda Solidária – A partir de 2020, a horta comunitária deixou de existir e surgiu o projeto “Quitanda Solidária”, que conta com doações de agricultores e nasceu a partir de um jovem acolhido por ele cuja família é produtora em São Miguel Arcanjo. E a ideia de criar esse projeto nasceu no começo da pandemia, quando Rogério Marques se comoveu com uma moça que chegou em sua horta comunitária e perguntou se podia pegar um pé de alface. “Eu estava batendo martelo, no meio de um ventania, e disse a ela que podia ficar à vontade para pegar alface”, lembra.
Depois de pegar quatro pés de alface, Rogério Marques conta que a moça viu um chuchu que estava sendo colocado na banca e perguntou se era para vender. “Eu disse que era para doação também. Então, ela não disse nada, mas pegou o chuchu, beijou e começou a chorar. Eu quis saber por que ela estava chorando e ela disse: ‘Não tenho nada na minha casa pra comer. Eu ia comer alface com sal com meus filhos’. Everton, o menino de São Miguel Arcanjo que estava comigo, encheu os olhos d’água”, lembra.
Rogério Marques conta que, como a mãe de Everton conhecia todos os produtores de São Miguel Arcanjo, a partir dela eles passaram a recolher descartes de produtos agrícolas que não se enquadram nas especificações do mercado, como tamanho, por exemplo, mas estão em perfeitas condições de consumo. “Hoje, o projeto atende aproximadamente 1.500 famílias. A gente consegue trazer uma média de 10 toneladas por semana”, contabiliza, relatando receber ajuda também para o transporte desses produtos.
A entrevista do vereador eleito Rogério Marques foi transmitida ao vivo pela TV Câmara e Rádio Câmara e está disponível nas redes sociais do Legislativo sorocabano (YouTube e Facebook).