Audiência Pública debate sustentabilidade no “Dia do Lixo Zero”

A Câmara Municipal de Sorocaba realizou, na tarde desta segunda-feira, 12, uma audiência pública para debater o “Dia do Lixo Zero”, celebrado em 14 de agosto, além de promover a entrega do “Selo Amigo Lixo Zero”. O evento contou com a participação de especialistas, empresários e representantes de organizações não-governamentais, que compartilharam experiências e debateram estratégias para transformar Sorocaba em uma cidade mais sustentável e resiliente.

A mesa principal foi composta pelo vereador proponente, que presidiu a sessão, ao lado do  secretário municipal de Meio Ambiente, Proteção e Bem-estar Animal (Sema) e um representante do Instituto Lixo Zero Sorocaba. A mesa estendida teve a presença de munícipes, líderes comunitários, docentes de entidades educacionais e representantes de empresas que atuam na área de resíduos.

Criado pelo Decreto Legislativo Nº 1.888, o Selo Amigo Lixo Zero homenageia as ações de pessoas físicas e jurídicas que se destacaram no ano de 2023 pela contribuição à sustentabilidade, meio ambiente e gestão de resíduos sólidos na cidade de Sorocaba.

De acordo com a proposta, o Selo "Amigo Lixo Zero" visa estimular pessoas jurídicas e naturais a se envolverem em projetos e ações que promovam a redução de resíduos sólidos, educação ambiental e outras práticas sustentáveis. A iniciativa reflete o compromisso da Câmara Municipal em fomentar a consciência ambiental e a sustentabilidade no município.

Durante a audiência, receberam a homenagem, por iniciativas realizadas em 2023, a Universidade de Sorocaba, representada pelo professor Renan Oliveira; a artesã Rosangela Camelos Beti;  a desenvolvedora de cosméticos Bruna Alves Moreira; a artesã Luciene da Costa; o criador de horta orgânica Madiel Matia; a empresa MK Gerenciamento de Resíduos, representada por Marcos Silva; a empresa Maguacamp, representada por Alessandro Veronezi; a empresa CMA (Companhia de Manutenção Avançada); e Otavio Dias, por cultivar e plantar árvores na área da Uniso.

A responsável pela área de recursos humanos da distribuidora Maguacamp, Aline Orosco, apresentou o programa de sustentabilidade e redução de resíduos implementado pela empresa. “A gente valoriza a sustentabilidade e insere junto aos nossos funcionários o projeto”, contou. Ela citou que, em 2023, foram destaques as boas práticas de pontos de coleta, a reciclagem de 1.610 quilos de papelão, mais de 200 quilos de plástico, além de bobinas de plásticos e garrafas pets. “A gente considera todo esse material ouro dentro da empresa. Muitas pessoas consideram lixo, mas para nos tem um valor imensurável, e esse valor a gente coloca para o funcionário e reverte em benefícios”, explicou.

Outra empresa a apresentar projeto de sustentabilidade foi a CMA (Companhia de Manutenção Avançada), que atua na área industrial, representada pela sócia Iasmin Alves. De acordo com ela, a empresa tem muitos propósitos, entre eles a questão de meio ambiente, que incentivou a busca por conhecimentos para implantação de iniciativas para redução de resíduos e redução de impactos ambientais. “Mais do quem bons discursos, temos que arrumar boas práticas”, contou Iasmim, citando a criação de coleta e destinação correta de resíduos na empresa, bem como treinamento e orientação de funcionários. “Começamos pequenos e estamos crescendo, e com isso nossa responsabilidade também cresce em relação a nossas ações”, disse a gestora, sobre a busca por soluções para redução de impactos ambientais.

A microempreendedora Bruna Gabrieli Alves Moreira, desenvolvedora de cosméticos veganos e hipoalergênicos, contou sobre a motivação para a criação de perfumes e desodorantes e a preocupação com o meio ambiente. Segundo ela, o próprio frasco do produto é voltado para ser reaproveitado com refil, além das embalagens degradáveis e naturais. “Estou sempre tentando inovar e melhorar essa parte de sustentabilidade. Faço de tudo para diminuir o impacto. Quando o cliente devolve alguma embalagem, eu dou desconto”, afirma.

Professor e representante da Uniso, Dr. Renan Oliveira, destacou a importância do compartilhamento de informações sobre o tema e falou sobre as ações da universidade, que comemora 30 anos. “Quando nos instalamos no campus da Cidade Universitária,  não tínhamos nem metade da cobertura vegetal que temos hoje. Pra nos sempre foi uma preocupação recompor aquela área, e hoje ver que trabalho de décadas serve de abrigo pra um imensidão de espécies que temos hoje no campus”, contou, citando aves e outros bichos presentes no local. Entre outras iniciativas implementadas pela entidade, estão a oferta de bicicletas no campus para diminuir o tráfego de veículos, a aquisição de energia de fontes renováveis, instalação de usinas fotovoltaicas e palestras para estudantes.

Marcos Silva, diretor da MK Gerenciamento de Resíduos, explicou sobre o trabalho de coleta de óleo de cozinha usado em residências, mercados, padarias e redes de fast food. Ele contou que a empresa é a única de Sorocaba a ter selo da Cetesb, além de selo do Ibama e parceria com grandes empresas na coleta de óleo usado. “Começamos com 650 litros e hoje estamos com até 40 mil litros mensais. Ainda é pouco pela grandeza da nossa cidade”, lembrou. Segundo ele, após a separação de resíduos, o óleo é destinado a fabricação de ração animal e biodiesel.

Presidente da Associação de Moradores do Santa Rosália, Eduir Braz, contou ser difícil a conscientização de pessoas sobre a importância da separação de resíduos para a correta destinação. Ele apontou a possibilidade de organizar 38 pontos de referência em comunidades na cidade para realizar coleta seletiva diária. “Se a gente retirar o resíduo reciclável e o orgânico, não sobra quase nada de lixo”, disse.

Na sequência, as artesãs que foram homenageadas apresentaram os trabalhos realizados com material reciclado. Luciene da Costa explicou sobre brincos feitos com alças de sacolas, quadro reaproveitado com peças de bijouterias e cacos de espelho, vasos feitos de latas entre outros. Já Bruna mostrou itens como velas, utilizando potes de geleias, entre outros. Por fim, o professor Argemino de Souza, representante do coletivo Lixo Zero, apresentou os objetivos do grupo, como trazer propostas globais para o nível municipal.  Ele destacou a necessidade de informações e reflexões para que a pessoas se conscientizem sobre a importância da redução de resíduos e parabenizou a realização da audiência pública para debater o tema.