18/11/2022 10h49
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Realizada por iniciativa do Vitão do Cachorrão (Republicanos), a audiência pública contou com participação de especialistas e pacientes ​

Com o objetivo de debater temas relacionados às pessoas ostomizadas, no mês “Novembro Verde”, em que se realiza campanha de conscientização sobre a ostomia, a Câmara Municipal de Sorocaba realizou audiência pública na noite de quinta-feira, 17, por iniciativa do vereador Vitão do Cachorrão (Republicanos), que presidiu os trabalhos e ressaltou a importância da causa das pessoas ostomizadas.

Além do vereador, compuseram a mesa dos trabalhos as seguintes autoridades: Rosângela Perecini, presidente do Fundo Social de Solidariedade, representando o prefeito Rodrigo Manga; Roberto Carlos, gestor da saúde, representando o secretário de Saúde, Cláudio Pompeu; Cleide Machado, presidente do Ibrapper; Rosicler Fernandes, psicóloga da Ibrapper; Mariana Pasquini, enfermeira do Ibrapper e mestre Estomatoterapia; e Marina Pereira, presidente do conselho deliberativo do Ela Sorocaba.

O evento fez parte das realizações relativas ao mês e ao Dia Nacional dos Ostomizados, que acontece anualmente no dia 16 de novembro. O vereador Vitão do Cachorrão enfatizou que “a causa dos ostomizados é uma causa muito nobre” e pretende continuar a defendê-la no âmbito da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, para a qual foi eleito deputado estadual. De forma virtual, participou a presidente nacional do Movimento Ostomizados do Brasil, Ana Paula Batista. A audiência pública contou, ainda, com apresentações culturais da dupla Talina Correia (voz) e Marcos Aurélio (violão).

Novembro Verde – Cleide Machado, presidente do Ibrapper, explicou as razões de ter sido instituído o “Novembro Verde”, para discutir temas relacionados às pessoas ostomizadas e “romper barreiras”, segundo ela, o enfoque principal da campanha de conscientização. “Os ostomizados precisam de qualidade de vida. Eles necessitam de insumos diários de qualidade. Imagine alguém que calce 41 tendo de enfiar no pé um sapato 35? A mesma coisa ocorre com a bolsa coletora do ostomizado, ela precisa de qualidade, adequada ao paciente”, explicou.

Em seguida, Ana Paula Batista, do Movimento Ostomizados do Brasil, contou que o movimento surgiu num cenário que não era nada favorável para as pessoas ostomizadas. “Juntamos várias entidades para nos fortalecer e defender os direitos dos ostomizados e discutindo também temas relacionados como doenças inflamatórias intestinais, incontinência urinária, anomalias congênitas, doença de Chagas, traumas, câncer, entre outras. As pessoas com ostomia se tornam pessoas com deficiência física, abrangidas pela Lei Brasileira de Inclusão. Mas os direitos dessas pessoas muitas vezes são violados, por isso é muito importante uma audiência como essa”, afirmou.

Dificuldades cotidianas – Ana Paula Batista falou das dificuldades enfrentadas no dia a dia pelas pessoas ostomizadas. “Culturalmente, não tratamos de fezes e urina, cocô e xixi, com tanta tranquilidade. Muitas vezes, dizemos ‘vou fazer o número dois’. Agora, imagine uma pessoa com ostomia intestinal para quem a bolsa coletora de fezes ou urina passa a ser o centro das atenções. Imagine o constrangimento que essa pessoa passa quando ela não tem acesso a produtos de qualidade na quantidade adequada, que atenda suas especificidades. Isso viola a dignidade dessa pessoa, que passa a não querer sair, a não querer comer. Da mesma forma, quando não se oferece prótese fonética a quem se submeteu a uma traqueostomia e tem dificuldade de fala”, explicou.

A presidente do Movimento Nacional dos Ostomizados também falou de algumas conquistas e demandas das pessoas ostomizadas, como a necessidade de dispor de dados concretos sobre esse segmento no país e a instituição do Cartão de Identificação Nacional do Ostomizado e contou que, hoje, o movimento conta com o apoio de 21 instituições e coletivos filiados. Por fim, reiterou que é fundamental que as pessoas ostomizadas tenham acesso a produtos de qualidade. “Muitas pessoas se separam, muitas famílias são desagregadas por conta da ostomia”, lamentou.

Vivências integrativas – A terapeuta integrativa Aline Mendes, do Ibrapper, explicou as ações realizadas em prol das pessoas ostomizadas, buscando fortalecer sua autoestima e promover sua inclusão social, através do Projeto “Vivências Integrativas: Melhores Práticas”. Durante a audiência pública, foram mostradas ações do projeto, através do “Desfile da Vida”, com a Academia Equilíbrio Vital, com performances de bailarinas e desfile de pacientes ostomizadas. 

A advogada Marina Pereira discorreu sobre as questões jurídicas e as leis que garantem direitos aos ostomizados, mas nem sempre são cumpridas. E a enfermeira Mariana Pasquini fez a contextualização temática sobre a questão da ostomia e enfatizou que cada paciente é único, com características fisiológicas próprias, por isso necessita de insumos de qualidade e personalizados. Também enfatizou que o paciente ostomizado, se bem atendido em suas necessidades, pode ter qualidade de vida, mas que isso não é fácil, inclusive porque se trata de uma deficiência invisível. “Como o paciente ostomizado vai chegar num banco e dizer que é preferencial? Por isso, é fundamental a carteira de identificação do paciente”, enfatizou, ressaltando a importância de se garantir os direitos das pessoas ostomizadas.

A audiência pública foi transmitida ao vivo pela TV Câmara (Canal 31.3; Canal 4 da NET; e Canal 9 da Vivo) e poderá ser vista na íntegra nas redes sociais do Legislativo sorocabano.